Com só R$ 44 a mais, reajuste é decepção para quem ganha o mínimo
Trabalhador reclama que aumento faz “nem cócegas” no orçamento mensal
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Para quem ganha 1 salário mínimo ou perto disso, o reajuste de R$ 44, oficializado na noite desta terça-feira (1º), não fará “nem cócegas” no orçamento mensal. Em seu primeiro ato econômico, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinou decreto que aumenta o piso salarial no Brasil em 4,6% - de R$ 954 para R$ 998.
Tradicionalmente, esse decreto é publicado nos últimos dias de dezembro, mas Michel Temer (MDB) deixou a tarefa para seu sucessor.
O aumento foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União e foi assinado por Bolsonaro e pelo novo ministro da Economia, Paulo Guedes. Apesar do acréscimo, o valor ficou abaixo dos R$ 1.008 aprovados pelo Congresso Nacional.
Fato é que pelas ruas da Capital, o aumento não agradou. “É triste por que a gente estava com uma expectativa nesse governo, mas pelo jeito vai ser igual a todos, já começou mal. É uma vergonha esse aumento, esperávamos pelo menos R$ 1 mil”, analisou a auxiliar de limpeza Marina Malvina dos Santos, 59.
Ela disse que continuará tendo dificuldade para manter a família. “Como uma família sobrevive com um salário desses sendo que todo o resto aumenta? Você tem que ficar escolhendo qual conta pagar, se precisar de um remédio mais caro vai ter que escolher ficar devendo alguém, não tem para onde correr”.
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Colega de Marina, Lindamar Ferreira da Silva, 44, também esperava um 2019 com mais dinheiro no bolso. “Tudo sobe menos nosso salário, o passe de ônibus foi a R$ 4”, reclama.
O padeiro Ademir Rios, de 46 anos, afirma que R$ 44 “não dá para nada”. “Realmente não dá nada. Deve dar 4 pacotes de arroz e só. Hoje em dia está tudo difícil, tudo caro", comenta.
“O gás tá R$ 70, quase o dobro desse valor”, lembra outra entrevista que pediu para se identificar apenas pelo primeiro nome, Odiceia.
Renda média - A média salarial do sul-mato-grossense é de R$ 2,3 mil, conforme mediu o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na Síntese dos Indicadores Sociais, divulgada no dia 5 de dezembro.
Em 2017, o rendimento médio das mulheres em Mato Grosso do Sul foi de R$ 1.672, 25,5% menor do que o dos homens, que ganharam em média R$ 2.243.
Luiz Souza Paes, de 56 anos, é um dos trabalhadores que acredita que o mínimo ideal teria de ser cerca de R$ 2 mil. “Estes R$ 44 no máximo ajudam a pagar uma conta”.
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Salário ideal - A lei que criou o salário mínimo é de 1936 e foi assinada pelo então presidente Getúlio Vargas. Pela legislação, a remuneração mensal deveria satisfazer necessidades de alimentação, vestuário, habitação, higiene e transporte de um trabalhador.
Contudo, conforme apurou o portal Uol com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), o valor está longe disso. Em novembro, por exemplo, o Dieese calculou que o mínimo ideal para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 3.959,98.
Em comunidades de Campo Grande, como a favela Morro do Mandela, tanto a renda média no Estado quanto o salário ideal são sonhos muito distantes.
Menor que o esperado – O reajuste foi menor porque hoje, pela regra estabelecida pelo governo Temer, o valor é reajustado pela inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), mais o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos anteriores - foi de 1% em 2017.
Quando o Congresso votou o Orçamento, a expectativa era que a inflação medida pelo INPC fechasse 2018 em 4,2%. Agora, espera-se que fique em torno de 3,5%. O dado sai em 11 de janeiro.