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Economia

Com tantos dias sem movimento, comércio tem queda nas vendas

Mariana Lopes | 06/07/2014 09:47
Em junho, as vendas no varejo caíram 16,49% em relação a maio(Foto: Marcos Ermínio)
Em junho, as vendas no varejo caíram 16,49% em relação a maio(Foto: Marcos Ermínio)

Junho foi considerado um mês difícil para os comerciantes de Campo Grande. Os pontos facultativos decretados nos dias que a seleção brasileira entrou em campo durante a Copa do Mundo e também nos feriados prejudicaram as vendas no varejo, que registrou queda de 16,49% em relação a maio, segundo dados da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande).

Se colocados na “ponta do lápis”, no total, foram 4 dias úteis que as lojas do comércio fecharam as portas por causa dos jogos do Brasil e mais 2 feriados que caíram durante a semana.

“Mas, na prática, todo o período foi fraco, pois nos horários de jogos, seja de qual for a seleção, o movimento diminui, as pessoas estão focadas na Copa”, explana o presidente da ACICG, João Carlos Polidoro.

O presidente da ACICG explica que, apesar das vendas do varejo terem desacelerado, nem todos os setores tiveram prejuízos. Contra a maré, supermercados e conveniência tiveram resultados bons em junho, superiores a maio, de acordo com Polidoro.

Conforme dados do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), em junho o volume de consultas para compras a prazo caiu 16,49% em relação a maio. Enquanto que no mesmo período do ano passado, a queda foi de 13,25%.

Outros setores – Mas não foi apenas o varejo que sofreu reflexos do desaquecimento econômico em junho. Segundo Polidoro, bares e restaurantes também tiveram queda de 20 a 30% no movimento de clientes. “Foram dias que as pessoas preferiram ficar em casa, reunir a família e amigos para assistirem aos jogos juntos”, ressalta o presidente.

As vendas de veículos também caíram 22% no mês passado, em relação a maio. Segundo Polidoro, as vendas de aparelhos televisores tiraram o foco do consumidor que poderia investir no setor de automóveis.

“Hoje em dia, a concorrência é muito mais ampla. O relojoeiro, por exemplo, não concorre apenas com lojas que vendem e consertam relógios, pois hoje, o consumidor gasta de acordo com a prioridade, e se compra uma mercadoria, deixa de adquirir outra”, explica o presidente da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), Roque Pellizaro Junior, que esteve em Campo Grande ontem, para uma palestra.

Liquidações – Como tentativa de atrair o consumidor, os lojistas estão apostando nas liquidações antes mesmo da troca de coleções, quando geralmente o comércio faz queima de estoque. Tanto no Centro quanto em shoppings, as ofertas estampam as vitrinas em um período bem atípico.

O problema, segundo Polidoro, é que estas liquidações fora de época não são saudáveis para a economia em geral. “Para o consumidor até que é bom, mas quebra a economia, porque o empresário vende a preço de custo e não tem retorno daquilo que investiu, liquida por uma questão de salvação, mas daí ele não investe depois”, explica.

Segundo o presidente da associação, as liquidações devem permanecer após a Copa do Mundo, principalmente as de aparelhos de televisão, que são produtos investidos pelas empresas durante o mundial. “Os aparelhos que não venderam, provavelmente terão os preços abaixados, porque o comerciante tem que vender, mas isso é uma promoção que não dá retorno para o empresário”, ressalta Polidoro.

Segundo Polidoro, o número de dias com ponto facultativo será contraposto no próximo mês, quando terão apenas 2 feriados que irão afetar o movimento no comércio. “A expectativa é de repor o que foi perdido em junho”, pontua o presidente da ACICG.

Apesar do período difícil para o setor, a Associação Comercial não considera a possibilidade de crise. “Este momento já era previsto, é um cenário complicado, mas nada que não possa ser recuperado, mas vai depender muito das vendas no próximo semestre”, afirma Polidoro.

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