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Economia

Com valor de uma cesta básica em Campo Grande, dá para comprar seis no Paraguai

Contudo, mesmo com produtos mais baratos, nem sempre a qualidade compensa

Gabrielle Tavares | 28/07/2022 07:29
Kilo do tomate era comercializado por R$ 8,90 em atacadista da Capital, no mês de junho. (Foto: Geniffer Rafaela)
Kilo do tomate era comercializado por R$ 8,90 em atacadista da Capital, no mês de junho. (Foto: Geniffer Rafaela)

Comercializada em moeda guarani, o valor da cesta básica no Paraguai é 83,79% inferior do que as que são vendida na capital sul-mato-grossense. Enquanto os produtos básicos para alimentação diária do brasileiro custa R$ 706,12 em Campo Grande, no país vizinho é de R$ 114,41 (150.000 guaranis).

A Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) faz um levantamento dos produtos mensalmente, o mais recente é o do mês de junho, que mostrou o valor médio de R$ 706,12 referente ao mês de maio na Capital. O próximo estudo deverá ser publicado no dia 5 de agosto.

Em média, a batata é comercializada em Campo Grande por R$ 4,80; o tomate, a R$ 5,29; a carne bovina, R$ 40,48; o leite, por R$ 6,28.

Já no Hipermercado Maxi, em Pedro Juan Caballero, fronteira com Ponta Porã, onde a cesta básica é comercializada por R$ 114,41, o preço da batata é de R$ 3,65; o do tomate, R$ 4,79; o da carne bovina, por R$ 33,17; e o leite, por R$ 3,70.

No local também é comercializado azeite por R$ 10,48; arroz de 2 kg, por R$ 8,33; e feijão de 1 kg, a R$ 7,96.

O fotógrafo Fabio Machado, de 39 anos, é natural de Ponta Porã e mudou-se para Campo Grande há poucos meses, para ficar mais perto do filho. Ele costuma ir com frequência para a linha fronteiriça para trabalhar e visitar a família, e alerta que apesar dos preços atrativos, é preciso ficar atento à qualidade dos produtos.

“Pela qualidade nem sempre compensa. Macarrão, por exemplo, o nosso pacote de macarrão é de 500 gramas, lá é de 230, 300 gramas. Laticínios lá é bem mais barato, iogurte mesmo, e não bebida láctea, costuma pagar R$ 4,80 o litro, e marca boa mesmo, mas marca paraguaia. Aqui a gente vai pagar uns R$ 10, a marca mais barata né. Mas não é tudo que está compensando, doce mesmo, compro bastante e compensa mais ali em Ponta Porã, carne também não é tão diferente”, relatou.

Publicação no Facebook de Fabio de segunda-feira (25). (Foto: Reprodução/Facebook)
Publicação no Facebook de Fabio de segunda-feira (25). (Foto: Reprodução/Facebook)

Na última semana, Fabio foi até Ponta Porã com o filho pequeno e aproveitou para fazer compras no país vizinho. Ele encontrou o litro do leite a R$ 3,70 e fez a festa. “Quem diria que eu ia fazer contrabando de leite do Paraguai”, brincou, mas ressaltou que não comprovou para revender, e sim para consumo próprio.

Cesta básica - O custo médio da cesta básica de alimentos em Campo Grande caiu 7,3% em maio, conforme pesquisa da Dieese. A Capital superou Brasília (-6,1%) e Rio de Janeiro (-5,84%).

Em 12 meses, Campo Grande teve a terceira maior alta, de 22,8%. Das 17 capitais pesquisadas, apenas Recife (PE) e Salvador (BA) registraram altas.

A cesta básica comprometeu 62,98% da renda do campo-grandense. E segundo o Dieese, o salário mínimo necessário para custear todas as despesas deveria ser equivalente a R$ 6.535,40, cinco vezes mais que o piso atual de R$ 1.212.

Por que o leite está tão caro? Assim como os demais produtos da cesta básica, o leite sofreu alta e quase bateu R$ 10 por litro em Campo Grande no último mês.

São diversos fatores que influenciam nesta alta, sendo eles a entressafra, aumento do preço da carne bovina, alta dos custos de produção e problemas climáticos.

O economista Eugênio Pavão explica que a entressafra, período entre o fim de uma colheita agrícola e o início de um novo plantio, provoca a redução dos campos verdes, emagrecendo os animais e reduzindo as produções. Essa época é longa em Mato Grosso do Sul, vai de abril até outubro.

“A alta dos combustíveis também levou à alta das embalagens de produção, junto com o custo de resfriamento do produto  que consome muita energia elétrica. Desta forma, a queda da oferta do produto é a consequência desse conjunto de fatores, pela lei da oferta e demanda, se a demanda é maior que a oferta, eleva o preço do produto”, afirmou Pavão.

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