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Economia

‘Combustível do futuro’ será distribuído em Campo Grande e Três Lagoas

Nos próximos anos, meta do governo do Estado é ampliar oferta para Dourados; MS Gás abriu chamada pública

Por Gabriela Couto | 14/08/2024 10:09
Adecoagro usa biometano para movimentar frota de 124 veículos leves, 6 caminhões, 4 motobombas e 1 trator (Foto: Mairinco de Pauda/Semadesc)
Adecoagro usa biometano para movimentar frota de 124 veículos leves, 6 caminhões, 4 motobombas e 1 trator (Foto: Mairinco de Pauda/Semadesc)

Cumprindo uma das metas do governo de transformar Mato Grosso do Sul em um Estado Verde, a MS Gás abriu chamada pública para interessados em fornecer o combustível do futuro: biometano. Os interessados têm até o dia 13 de setembro para enviar as propostas no e-mail biometano_gt@msgas.com.br.

Conforme o edital, as propostas são de suprimento de 40 mil m³ de biometano por dia – 30 mil m³ para atender as redes de Campo Grande e Três Lagoas e 10 mil m³ para Dourados. Um dos grandes atrativos para o investimento é o incentivo estadual que reduziu a alíquota de ICMS do produto, de 17% para 1,8%.

As usinas poderão entregar o combustível tanto por meio de dutos quanto nas formas comprimida (GNC) ou liquefeita (GNL). Interessados podem ter acesso ao edital neste link.

A MS Gás destacou que a chamada pública é marca um momento histórico do protagonismo de Mato Grosso do Sul no processo de transição energética. “Biometano é um combustível do futuro, limpo, renovável e versátil, pode ser aplicado para uso industrial, veicular, termoelétrico, comercial e residencial”, afirmou o gerente de produção da companhia, Leonardo Fioratti.

Nos últimos dois anos a produção de biometano teve um crescimento exponencial no Estado, puxado pelos incentivos e normatização, como o Leitão Vida, na suinocultura, e o MS Renovável, que contempla todo o segmento de bioenergia no setor sucroalcooleiro, que passou a aproveitar a vinhaça não mais como fertilizante, mas para produzir biogás e biometano.

Veículo sendo abastecido por biometano, em Ivinhema (Foto: Mairinco de Pauda/Semadesc)
Veículo sendo abastecido por biometano, em Ivinhema (Foto: Mairinco de Pauda/Semadesc)

O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, acrescentou ainda que a chamada integra o projeto de transformar Mato Grosso do Sul em Estado Carbono Neutro até 2030.

“Por isso, é fundamental a lógica da transição energética. O biometano tem a mesma composição do gás natural e pode substituir esse combustível em todos os aspectos. A MSGÁS já estudava a compra do biometano gerado pelas agroindústrias para suprir sua demanda. Só precisávamos de um volume maior que possibilite essa negociação. Hoje, temos produção de biometano na JBS, SFR Agropecuária, Neomille e Adecoagro, daí a importância dessa chamada”.

Atualmente, somente as usinas de etanol instaladas em Mato Grosso do Sul têm capacidade para gerar 126 milhões de metros cúbicos de biometano por safra, ou 345.000m³/dia.

A próxima safra de cana-de-açúcar e de milho vai render mais de 4,5 bilhões de litros de etanol. Para cada litro de etanol produzido a partir da cana-de-açúcar são gerados 10 litros de vinhaça. Cada metro cúbico de vinhaça produz até 13 metros cúbicos de biogás e para cada 3 metros cúbicos de biogás, após a purificação, produz-se 2 metros cúbicos de biometano.

O potencial de produção é medido pelo número de usinas, 20 em todo o Estado, com abrangência em 42 municípios. A setor sucroalcooleiro responde por 16º do PIB Industrial de Mato Grosso do Sul.

Atualmente, há 22 biodigestores em atividade no Estado aproveitando resíduos da suinocultura e bovinocultura. A Adecoagro, no Vale do Ivinhema, foi a pioneira com a produção utilizando a vinhaça e neste ano a Atvos, em Nova Alvorada do Sul, anunciou investimento de R$ 350 milhões em uma planta de biometano com capacidade de 28 milhões de m³/ano.

Comitiva do governo do Estado visitou instalações da Adecoagro, em Ivinhema, em julho deste ano (Foto: Mairinco de Pauda/Semadesc)
Comitiva do governo do Estado visitou instalações da Adecoagro, em Ivinhema, em julho deste ano (Foto: Mairinco de Pauda/Semadesc)

A produção de biometano pela suinocultura também está em expansão, puxada pela SF Agropecuária, em Brasilândia. Há também investimentos da JBS em plantas de biometano. A capacidade de produção de biogás do setor sucroenergético no Brasil é de aproximadamente 5,2 bilhões de metros cúbicos ao ano. Isso equivale a todo gás natural que o Brasil importou da Bolívia no ano passado, por exemplo.

Dutos - A injeção de biometano nos dutos da MSGÁS é um capítulo importante na meta do Estado de fazer de MS um Estado Carbono Neutro, já que o combustível, produzido a partir de resíduos de suínos e de cana-de-açúcar, ajuda a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, tornando a solução ecologicamente correta.

“Uma das vantagens do biometano é a possibilidade de ser injetado na rede de distribuição, acrescentando diversidade no portfólio de supridores sem a necessidade de custos com novas instalações de duto. O biometano também pode ser comprimido ou ser transportado em estado líquido”, destaca o gerente de Produção da MSGÁS.

De acordo com projeções da Abiogás (Associação Brasileira de Biogás), a produção de biometano deve saltar 600% até 2029, saindo do atual 1 milhão de m³ por dia para 7 milhões de m³/dia. Ainda segundo a entidade, atualmente existem 20 plantas no país, sendo que apenas seis comercializam o gás e a expectativa de é que o total de unidades produtoras voltadas à comercialização chegue a 90 nos próximos cinco anos, sendo 42% via setor sucroenergético.

Biodigestor da planta da Adecoagro de Ivinhema produz 6 metros cúbicos de biogás a partir de vinhaça ao dia (Foto: Mairinco de Pauda/Semadesc)
Biodigestor da planta da Adecoagro de Ivinhema produz 6 metros cúbicos de biogás a partir de vinhaça ao dia (Foto: Mairinco de Pauda/Semadesc)

Potencial nacional - Conforme dados da Cibiogás (Central Internacional de Energias Renováveis), em 2022 havia 936 plantas de biogás no País. O maior número   de   plantas   em   operação     no     país     corresponde ao setor agropecuário (77%). Entretanto, a maior produção em volume de biogás está associada ao setor de saneamento (74%), com destaque para os aterros sanitários, responsáveis por 96% do total.

Apesar de apresentar uma contribuição inferior em produção, quando comparado ao setor de saneamento, o setor industrial tem alto potencial de crescimento, asseguram a Cibiogás, indicando como exemplo as usinas de açúcar e etanol.  A capacidade de produção de biogás do setor sucroenergético é de aproximadamente 5,2 bilhões de metros cúbicos ao ano. Isso equivale a todo gás natural que o Brasil importou da Bolívia no ano passado, por exemplo.

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