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Economia

Coronavírus é ameaça a balança de MS, que exporta 42% para China

Celulose, soja, carne bovina e de frango são principais itens enviados para região e podem ter queda no segundo semestre

Rosana Siqueira | 02/02/2020 09:30
Celulose respondeu por mais de US$ 1,1 bilhão de vendas para China em 2019. (Arquivo)
Celulose respondeu por mais de US$ 1,1 bilhão de vendas para China em 2019. (Arquivo)

O coronavírus não ameaça apenas a saúde da população, mas também a balança comercial brasileira e ainda mais bem diretamente a do Mato Grosso do Sul. É que a China é o principal parceiro comercial do Mato Grosso do Sul. Em 2019 comprou 42% das nossas exportações, chegando a uma soma de US$ 2,2 bilhões. As exportações sul-mato-grossenses de carne bovina em 2019 foram de US$ 683 milhões, um crescimento de 24% em comparação ao ano de 2018. O gigante asiático comprou US$ 112 milhões de dólares deste total.

“Ainda é cedo para medir o impacto do problema epidemiológico, mas ele pode provocar um aumento das vendas de produtos de carne congelados e processados na China por motivos de segurança alimentar, pois é comum a carne ser adquirida em feira livre, que tem pouca segurança alimentar”, avaliou o consultor em comércio exterior Aldo Barrigosse.
Ele destaca que a grande preocupação do setor produtivo é que essa epidemia possa desacelerar a economia chinesa, prejudicando as compras. “Mas temos que lembrar que a população precisa ser alimentada e o desabastecimento interno de alimentos poderá pressionar a sua inflação, ou seja, eles irão continuar comprando, que no pior cenário poderá ocorrer uma pequena redução”, enfatizou.
Barrigose acrescentou que no curto prazo, serão poucos impactos econômicos, pois a maioria dos contratos de exportação estão em execução. No entanto o alerta é para os contratos do segundo trimestre.

Soja é o segundo produto mais comercializado pelo MS para a China
Soja é o segundo produto mais comercializado pelo MS para a China

Bolsonaro - Na sexta-feira o presidente Jair Bolsonaro estimou, após se reunir com ministros no Palácio da Alvorada, que as exportações brasileiros sofram um impacto negativo de 3% por causa da epidemia de coronavírus na China. O presidente reforçou que a economia terá "em parte algum problema", mas que a questão é debatida pelo governo.
"Nossas exportações, no momento, pode ser que afetarão 3%. Isso pesa para nós. Afinal de contas, a China é o nosso maior mercado exportador (importador)", declarou. O presidente exemplificou dizendo que a China já perdeu "1% de seu crescimento".
"Tenho conversado com o Paulo Guedes (ministro da Economia), conversado com o Roberto Campo (Neto, presidente do Banco Central). Hoje de manhã conversei com o Roberto Campos sobre a questão econômica. Está todo mundo envolvido e preocupado em dar uma pronta resposta para a população. Se tivermos algum problema, a gente vai anunciar o problema. Nada será escondido", disse.
Efeitos - O governo está monitorando os efeitos do coronavírus na economia brasileira, mas, até agora, não houve prejuízo aos exportadores, afirmou o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo. Em evento no Rio, ele disse ainda que o cenário global é desafiador, além das questões da saúde, uma vez que o mundo ainda vive os efeitos da guerra comercial entre Estados Unidos e China.

"Há muita incerteza de ajuste estrutural nas relações comerciais entre os Estados Unidos e a China", comentou Troyjo. "Em alguns momentos, a incerteza externa é uma oportunidade para o Brasil, como é o caso da soja", acrescentou.

Troyjo acredita que vai haver um deslocamento mundial da demanda agrícola, com vantagens competitivas para o Brasil. "A determinação é continuar a integração. Queremos incrementar o comércio com a China e Estados Unidos. No governo Lula, o intercâmbio ficou aquém do potencial. Estamos em busca do tempo perdido", destacou.

O efeito colateral do ajuste entre os Estados Unidos e a China é que os investidores desaceleram projetos enquanto aguardam a estabilidade mundial.

Segundo o secretário, existe atualmente no mundo um "gigantesco" estoque de poupança e, ao mesmo tempo, raras oportunidades de investimento que seja viável e lucrativo. "Podemos desobstruir o túnel que conecta a liquidez à necessidade de infraestrutura no Brasil", acrescentou.

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