Coronavírus e dólar alto provocam temor de recessão na fronteira
Empresários que já tiveram queda no movimento de vendas no Paraguai temem aumento na crise com a questão da doença
Com o dólar a quase R$ 5 e o efeito do coronavírus - que tem casos confirmados no Paraguai, levando o Governo a suspender todas as atividades que envolvam aglomeração de pessoas - o comércio da fronteira teme uma recessão profunda.O Governo paraguaio decretou medidas de segurança por 15 dias que entraram em vigor hoje. O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Julio Mazzoleni , após um segundo caso confirmado de coronavírus no Paraguai: o de um homem com mais de 80 anos internado em uma unidade de terapia intensiva, onde teve contato com dois médicos que, por sua vez, estão internados em um hospital. "É por isso que apresentamos medidas drásticas e preventivas", disse ele.
O temor dos comerciantes de Pedro Juan Caballero é de que a questão do coronavírus causaria uma recessão ainda maior do que a que perdura atualmente na fronteira e já derrubou em 20% o movimento. Segundo o presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Pedro Juan Caballero, Victor Barreto. "Realmente estamos preocupados com que o coronavírus aumente mais ainda a recessão comercial, sem contar o dólar que está muito alto. Isso implica em uma porcentagem muito alta para a atividade comercial da fronteira e complica bastante o futuro das lojas e empregos dos quais dependem muitas pessoas", enfatizou.
Para o advogado Julián Tomás Medina, também da da Câmara de Comércio Pedro JuanCaballero, as restrições terão um efeito dominó que afetará o nível de emprego, a taxa de juros, o nível de endividamento e o preço das moedas. As informações são do jornal ABC Collor.
Na avaliação dos empresários a situação terá um impacto negativo no número de turistas que fazem suas compras e, ainda, no número de estudantes, principalmente brasileiros que estão com as aulas suspensas no Paraguai até o dia 25. Isso pode trazer conseqüências imediatas no setor imobiliário e gastronômico.
“Em Pedro Juan, há uma dependência muito alta deste público, portanto, o mercado interno também será afetado”, frisou o advogado. Estima-se que cerca de 12 mil estudantes venham do Brasil para estudar diferentes carreiras oferecidas aqui e cada aluno gasta cerca de US $ 1.000 por mês, entre taxas e outras despesas com refeições e suprimentos.
“Supondo que metade dos estudantes decida retornar à sua cidade natal, estamos falando de cerca de US $ 6 milhões por mês. Como resultado dessa redução, muitas empresas não serão capazes de cumprir seus compromissos, financeiros ou com fornecedores. "Essa situação exigirá análises aprofundadas, muito diálogo e tolerância para lidar com a situação sem grandes danos", afirmou o representante da Câmara.
Ponta Porã - Do lado brasileiro, na cidade de Ponta Porã, o clima é de calmaria no comércio também, segundo os comerciantes, mesmo com o decreto do Governo paraguaio. De acordo com o empresário do ramo de vestuário Amauri Ozório, que participa da diretoria da Associação Comercial de Ponta Porã, o movimento já tinha caído 20% antes por causa do dólar. “Hoje está parado aqui. Confrome a carta oficial do Paraguai que não tem mais aula Pedro Juan tudo sem aula. Missas reuniões tudo cancelado. Ou seja o Paraguai já estava vazio com esta alta do dólar, das bolsas, agora fica mais parado ainda” avaliou o comerciante.
Por enquanto em Ponta Porã não tem aumento de compras por parte dos paraguaios. “Está tudo normal”, salientou.
Tranquilidade - O prefeito de Ponta Porã Hélio Pellufo tranquilizou a população e afirma que no município todas as medidas de saúde estão sendo tomadas e seguem as recomendações do Ministério da Saúde.
"Achei até estranho esta medida drástica do Paraguai em suspender toda movimentação, e temos tido muitas fake news divulgadas para todo lá", frisou destacando que em Ponta Porã não tem nenhum caso suspeito da doença. "É um absurdo, trata-se de uma gripe que quando pega vai para casa, evitando é claro locais com acúmulo de pessoas no período da doença. Este pânico é muito ruim", destacou.
Mesmo assim ele admite que tanto o dólar alto quanto o coronavírus no país vizinho será muito negativo para o comércio na fronteira. "Isso terá efeitos sim na economia, com queda no movimento de turistas", finalizou.