Empresas defendem liberação de bitrens na Rota Bioceânica
Empresários do setor de logística aproveitam evento para defender autorização para veículos maiores

Empresários ligados ao setor de logística defendem a mudança das normas atuais que impedem o trânsito de caminhões com vários eixos, os chamados bitrens, rodotrens, nas estradas da Rota Bioceânica, que vai envolver trechos do Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. Esse é um dos temas levados para debate durante o Seminário Internacional da Rota Bioceânica que acontece desde o começo da semana em Campo Grande.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
Empresários do setor de logística defendem a liberação de bitrens na Rota Bioceânica, que conecta Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. Atualmente, o acordo ATIT limita o peso dos caminhões a 45 toneladas, mas no Brasil, veículos transportam até 52 toneladas. A Setlog argumenta que bitrens têm melhor distribuição de peso e causam menos impacto no asfalto. A mudança facilitaria o transporte de carnes para a Ásia. A Rota, com 3 mil km, enfrenta desafios como trechos nos Andes. Um grupo de trabalho foi formado para discutir a implementação do projeto.
Pelo ATIT (Acordo sobre Transporte Internacional Terrestre), firmado entre países sul-americanos, o limite de cargas circulando entre os integrantes é de até 45 toneladas, considerando o peso do caminhão e os produtos transportados, isso resultaria em cerca de 30 toneladas de carga útil. “Pra gente no Brasil hoje é impraticável, porque nós trabalhamos com 50, 52 toneladas, é praticamente o dobro”, argumenta o presidente da Setlog, Dorival Silva de Oliveira.
Trata-se de um acordo antigo e que vem sendo debatido entre os interessados na Rota. Oliveira explicou que já há uma articulação com o Governo do Paraguai, para explicarem sobre a circulação de caminhões maiores no Brasil e até mesmo as particularidades na condução.
Um grupo paraguaio deve vir ao Estado e após representantes do setor irão ao país vizinho, com a possibilidade de “contribuir no treinamento desses motoristas para que eles pudessem também operar esses equipamentos, porque são equipamentos diferentes, articulados, que têm um outro nível de direção.” Ele considera que é até uma oportunidade de atrair mão de obra, uma vez que é um setor que o Estado enfrenta carência de pessoal, diante do crescimento rápido da demanda com o aumento de plantio de eucalipto e outras atividades produtivas que demandam transporte em caminhões.
O presidente da Setlog diz que os bitrens teriam condições de transitarem nas estradas da Rota e até aponta vantagens no uso desses veículos, que não se resumiriam ao volume a mais que comportam. Segundo ele, “tem um segundo ponto, que é o ponto técnico. Ele tem uma melhor distribuição de peso sobre a via, então o bitrem é benéfico, como ele é um veículo articulado, ele não faz manobras de arraste no asfalto, ele sempre faz a conversão”, detalha.

Oliveira sustenta que esse tipo de caminhão causaria menos impacto na qualidade do pavimento. Embora o líder do setor de logística aponte as vantagens dos veículos maiores, ainda durante o evento foi destacado que o setor que primeiro se beneficiaria seria o de transporte de carnes, atendendo frigoríficos brasileiros rumo à Ásia.
A Rota, com cerca de 3 mil quilômetros, tem trechos na região dos Andes, com subidas e muitas curvas acentuadas, o que poderia dificultar caminhões extensos. O secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck explicou à reportagem que o natural deverá ser caminhões levarem produtos até portos chilenos para exportação e trazerem produtos industrializados de países asiáticos no retorno ao Brasil.
O encontro sobre a Rota encerra hoje. Um dos desdobramentos foi a formação de um grupo de trabalho envolvendo representantes dos países para lidar com os temas do dia a dia da concretização do projeto, que ainda depende da conclusão de uma ponte em Porto Murtinho e o acesso no lado brasileiro. Há, também, trecho rodoviário sendo pavimentado no Paraguai. Entre os temas debatidos pelos participantes constam os serviços aduaneiros, infraestrutura, segurança, oportunidades de negócios e impactos socioeconômicos da nova rota comercial.