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Economia

Escola Agrícola de Campo Grande obtém a 3ª melhor nota no País

Luciana Brazil | 09/12/2013 09:35
Sobre os olhos atentos do professor, Maicon e o colega trabalham na horta. (Fotos: Marcos Ermínio)
Sobre os olhos atentos do professor, Maicon e o colega trabalham na horta. (Fotos: Marcos Ermínio)

Com 350 alunos matriculados, a Escola Agrícola Governador Arnaldo Estevão Figueiredo é, pelo terceiro ano consecutivo, uma das 10 melhores instituições agrícolas do País. Entre as escolas agrícolas, o estabelecimento municipal ficou em 3º no ranking nacional.

Neste ano, entre as escolas públicas de Mato Grosso do Sul, a escola também ocupa o 3º lugar no ranking do Enem (Exame do Ensino Médio) 2012, atrás do Colégio Militar e da Escola Estadual Dom Aquino Corrêa.

O diretor da instituição, Moacir José da Silva Borges, orgulha-se com os resultados e com as consequências do bom trabalho desenvolvido pela escola, localizada na rodovia MS-040, na região do distrito Três Barras, a 35 quilômetros de Campo Grande. Ele ressalta que muitos dos alunos que passarem por lá, ingressaram em universidades federais.

“Temos alunos que fizeram estágio no interior, alunos nossos que hoje são doutorando na UFMS (Universidade Federal de mato Grosso do Sul). Em 2012, 10 alunos foram para a Universidade Federal. O restante ingressou em instituições particulares”, conta Moacir.

Para Moacir, os resultados apontam que a escola “caminha no rumo certo”.

Aluno dá ração aos porcos da escola.
Aluno dá ração aos porcos da escola.

Criadas para evitar que crianças e adolescentes ficassem sem estudo ou deixassem o campo para frequentar o colégio, as escolas agrícolas inserem o jovem na realidade familiar que irá orientar sua profissão futuramente, na esmagadora maioria das vezes.

Atendendo as regiões do Aeroporto Santa Maria e dos distritos Dom Jardim, Três Barras, Cachoeira e Cedro, a escola agrícola Arnaldo Estevão adotou o ensino integrado, modelo abraçado por apenas mais duas escolas no país.

“Nesta modalidade o aluno apreende as disciplinas comuns de forma conjunta com as disciplinas específicas. Já nas modalidades modular e concomitante o ensino é diferente, mas eles também apreendem as matérias comuns”, explicou Moacir.

Além das matérias  da grade comum, dadas em sala de aula como, matemática, química, física, português e literatura, disciplinas específicas diferenciam o ensino, que vão desde produção animal e vegetal, como produção agroindustrial.

Mas a aprendizagem vai além das mesas e cadeiras. É na lida que os alunos apreendem a trabalhar na horta, a fazer o manejo dos animais, entre outras dezenas de técnicas.

Moacir se orgulha de alunos e professores da escola.
Moacir se orgulha de alunos e professores da escola.

Com 14 anos e enxada na mão, Maicon Cristopher Dutra Marques já sabe dizer o que mais gosta no campo. “Entrei neste ano na escola e já apreendi muita coisa, e gosto mesmo é de mexer com gado”.

Para o professor de matemática Marcio Valençoelo, 37, a escola agrícola proporciona uma relação até mesmo de amizade entre professores e alunos. Lecionando há oito anos no local, Marcio ressalta que esta relação ajuda no desempenho dos estudantes.

“Nós até chamamos de família agrícola. A diferença principal desta escola para uma convencional é o contato frequente com os alunos. Isso facilita o trabalho e melhora o desempenho deles. É difícil encontrar em outras escolas um aluno estudando com caderno na mão, do lado de fora da sala. Aqui a gente vê isso. O interesse é grande”.

Mantida com verba municipal, do Ministério da Agricultura e doações, a escola tem hoje cerca de 70 bovinos, 100 galinhas, cinco cavalos, peixes, porcos, aves, além das plantações. Hortas orgânicas e convencionais também são fonte de ensino.

Os alimentos produzidos na escola também são consumidos pelos alunos.

São 70 cabeças de gado que servem para aprendizagem e também para alimento.
São 70 cabeças de gado que servem para aprendizagem e também para alimento.
Os porcos são alimentados por alunos da escola Agrícola.
Os porcos são alimentados por alunos da escola Agrícola.

Os alunos são divididos em turmas de 25 alunos. Hoje, a escola tem 14 turmas que vão desde o primeiro ano do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio.

Em uma área de 150 hectares, a escola existe desde 1997. Nos primeiros anos de funcionamento, a escola tinha apenas turmas do 5° ao 8° ano. Em 2006, a instituição abriu vagas para o período de qualificação, que vai do 1° ao 3° ano do esino médio. 

"No primeiro ano começa a educação específica, mas continuam a ser lecionadas as matérias comuns. Porém, é um peíodo profissionalizante", explicou Moacir.

Para os alunos que se formam e não ingressam em seguida na faculdade, ainda é possivel fazer um ano de pós-especialização em gado de corte, na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), segundo Moacir. 

Em Mato Grosso do Sul, 10 instituições agrícolas oferecem à crianças e adolescentes a oportunidade de estudar os aprendizados do campo.

"Se precisar falar com o prefeito para ficar, eu falo. Não quero ir embora", disse Décio Miranda contratado pela escola em 1997.
"Se precisar falar com o prefeito para ficar, eu falo. Não quero ir embora", disse Décio Miranda contratado pela escola em 1997.
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