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Economia

Estado apresenta estratégias para MS driblar dependência do mercado chinês

Para Jaime Verruck, o caminho está na diversificação, na sustentabilidade e na inovação logística

Por Gabriela Couto | 31/12/2024 11:35
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adesiva pedaço de picanha produzida na JBS de Campo Grande, no dia 12 de abril deste ano (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adesiva pedaço de picanha produzida na JBS de Campo Grande, no dia 12 de abril deste ano (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

O governo chinês iniciou uma investigação sobre as importações de carne bovina brasileira, o que pode resultar em tarifas mais altas para o produto. A medida, anunciada na última sexta-feira (28), foi tomada com o objetivo de avaliar possíveis salvaguardas, diante do aumento das importações e das alegações de produtores locais da China, que afirmam que a crescente presença de carne estrangeira em seu mercado está prejudicando a indústria nacional.

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O governo chinês investiga as importações de carne bovina brasileira, o que preocupa Mato Grosso do Sul, grande exportador para a China. Embora a incerteza afete o setor, o secretário de Estado de Meio Ambiente de MS vê a situação como oportunidade para fortalecer a economia estadual por meio da diversificação de mercados, aprimoramento de padrões de qualidade e sustentabilidade, e investimentos em infraestrutura. A estratégia inclui focar em práticas sustentáveis, agregar valor aos produtos e melhorar a logística para garantir a competitividade global, enquanto o governo brasileiro busca um acordo com a China para manter o fluxo de exportações sem prejuízos.

Esse movimento traz desafios significativos, mas também abre oportunidades estratégicas para Mato Grosso do Sul, que depende amplamente desse mercado para suas exportações. Pelo menos é o que avalia o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck.

"A dependência de um único mercado pode expor o estado a riscos econômicos. Por isso, é fundamental que Mato Grosso do Sul esteja preparado para esse tipo de eventualidade, que impacta diretamente os nossos frigoríficos e toda a cadeia produtiva", afirmou.

No entanto, Verruck vê essa situação também como uma oportunidade para fortalecer a economia do estado. Segundo ele, é o momento ideal para transformar esse desafio em um processo de inovação e sustentabilidade. "Mato Grosso do Sul tem grande potencial para se destacar por sua qualidade e práticas sustentáveis. Esse é o caminho para garantir nossa competitividade no mercado global", ressaltou o secretário.

A investigação se concentra no período de 2019 até o primeiro semestre de 2024 e é resultado de um pedido dos produtores chineses. Embora a medida ainda não tenha implicado em mudanças nas tarifas, que permanecem em 12%, a incerteza gerada pela apuração já afeta o setor de frigoríficos brasileiros, com impacto direto sobre estados como Mato Grosso do Sul, que tem a China como principal parceiro comercial. Em 2024, o Brasil exportou mais de 1 milhão de toneladas de carne bovina para a China, um aumento de 12,7% em relação ao ano anterior.

Secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, ao lado de caminhão que exportou carne para China (Foto: Arquivo pessoal)
Secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, ao lado de caminhão que exportou carne para China (Foto: Arquivo pessoal)

Estratégia - Para que o estado possa tirar o melhor proveito dessa situação, Verruck destaca algumas ações essenciais. A primeira delas é a diversificação dos mercados. "Precisamos expandir nossas exportações para outros países e também fortalecer o mercado interno. Quanto menos dependermos de um único destino, maior será nossa segurança econômica", defendeu.

Além disso, ele enfatiza a importância da adaptação às exigências internacionais, principalmente em relação a padrões ambientais e sanitários, que têm se tornado cada vez mais exigentes. "A carne bovina brasileira, especialmente a produzida em Mato Grosso do Sul, tem um enorme potencial de competir com outros países, desde que atendamos aos mais rigorosos padrões de qualidade", afirmou.

Outro ponto fundamental é o investimento em sustentabilidade e valor agregado. Verruck acredita que a promoção de práticas sustentáveis e o investimento em produtos processados podem agregar valor à carne bovina do estado, tornando-a ainda mais atrativa para o mercado internacional. "O mundo está cada vez mais voltado para a sustentabilidade, e podemos usar isso a nosso favor, não apenas para aumentar as exportações, mas também para melhorar a competitividade do produto", disse.

Além disso, o secretário ressaltou a importância de se investir em infraestrutura e logística para reduzir custos e aumentar a eficiência. Projetos como a Rota Bioceânica, que visa melhorar a conectividade do estado com novos mercados, são fundamentais para aumentar a competitividade do setor agropecuário. "A modernização das ferrovias, rodovias e portos é uma necessidade para que possamos manter a nossa posição no mercado global, especialmente em momentos de incerteza como o que estamos vivendo agora", afirmou.

Para o governo brasileiro, que se manifestou sobre a investigação chinesa, a prioridade será buscar um entendimento com as autoridades chinesas para garantir que as exportações brasileiras de carne bovina continuem sem impactos negativos. Em nota, o governo reafirmou o compromisso de defender os interesses do agronegócio, destacando que a carne brasileira complementa a produção local chinesa e não causa prejuízos à indústria do país asiático.

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