Grupos reivindicam fundo para fomentar economia solidária
A economia solidária é a alternativa escolhida por diversas famílias para o sustento ou complementação de renda. Em Mato Grosso do Sul a maioria dessas pessoas são de comunidades quilombolas, indígenas ou assentamentos. Elas fazem parte de grupos que trabalham em várias atividades e comercializam os produtos ou serviços, dividindo os lucros obtidos entre si. A batalha dessa vertente da economia, que hoje foi tema de encontro em Campo Grande, é conseguir recursos públicos para fomentar a atividade. Uma das ideias é a criação de um fundo específico.
Diferente da cooperativa, a economia solidária tem foco no valor social do trabalho, ou seja, pretende destacar o valor humano em detrimento da lucratividade. Para ampliar as atividades e desenvolver novos projetos, os grupos de economia solidária do estado querem a criação de um fundo municipal. Atualmente, eles contam apenas com um fundo próprio para articulação e mobilização, que é alimentado por 5% de tudo o que é comercializado na Central de Comercialização de Economia Solidária.
Segundo a artesã Sebastiana Almire, por meio da Lei Estadual de Economia Solidária, a Funtrab (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul) apoia iniciativas do setor, mas ainda assim é necessária a criação de um fundo para viabilizar a realização de muitos projetos.
Para pensar novas propostas e levar as demandas da região para a discussão em âmbito nacional, cerca de 100 pessoas se reuniram na III Conferência Regional de Economia Solidária em Campo Grande, hoje (3). O evento foi promovido pela Funsat (Fundação Social do Trabalho) em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego, Secretaria Nacional de Economia Solidária, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e Fórum Estadual de Economia Solidária.
De acordo com o presidente da Funsat, Cícero Ávila, está sendo discutida a elaboração de uma lei municipal para a economia solidária e também a criação de um conselho municipal. “As famílias que atuam nesse segmento estão reivindicando e é um desafio, que o nosso prefeito Gilmar Olarte está abraçando para fortalecer esses grupos”, afirmou.
Conforme Sebastiana, que faz parte do Fórum Estadual de Economia Solidária, os empreendedores desse setor contam com apoio de entidades ligadas a sindicatos, igrejas e universidades, entre outras. “Eles fazem parceria conosco, por meio de projetos ou pesquisas, mas nós precisamos também do apoio de gestores públicos”, destaca.
Valor social – A Associação Pestallozi de Campo Grande é uma das parceiras da Central de Comercialização de Economia Solidária. Cerca de dez alunos com deficiência estão inseridos em um projeto que é mais uma alternativa para incluir esses jovens em atividades que além de lucratividade, possibilitam o desenvolvimento pessoal.
A Associação Fibras dá aos alunos e mães a oportunidade de produzir materiais a partir da fibra de bananeira. Todo do processo de produção de livros, cadernos e blocos de papel se dá a partir dos princípios da economia solidária. “A economia solidária agrega as pessoas e não exclui ou distancia como acontece, muitas vezes, no mercado formal”, enfatiza o monitor da entidade, Pablo Oliveira.
Viviane Barbosa, 22 anos, faz parte do projeto e participou da produção do “Caderno de Receitas de Banana”, que tem a capa feita com as fibras de bananeira. Orgulhosa do desempenho da jovem, a mãe Iraci Barbosa conta que poder produzir algo e vender deixou a filha mais motivada para as atividades do dia a dia. “Ela era mais nervosa, agora está mais animada. Até eu melhorei, o serviço abriu minha mente, porque eu tinha muito esquecimento e também tenho mais paciência agora”, contou a mãe.
Os produtos da Associação Fibras são vendidos na Pestallozi e serão, em breve, oferecidos também da Central de Comercialização de Economia Solidária, que fica na rua Marechal Cândido Mariano Rondom, número 1500. A central tem 450 pessoas, que oferecem produtos e serviços diversos, na área de beleza e estética, além de alimentos, artesanatos e verdura orgânica.