Lugar da mulher na indústria de MS é pilotando máquina e onde ela quiser
Presença das muheres no segmento avançou 28% nos últimos dez anos em MS, e supera 30 mil trabalhadoras
De recepcionistas e costureiras a operadoras de grua nas florestas de eucaliptos, colheitadeiras de grãos e cana, soldadoras e etc. O perfil da mulher trabalhadora na indústria de MS mudou e ainda a presença avançou 28,3% nos últimos dez anos. No entanto mesmo com maior participação neste mercado o salário ainda é 20% menor e muitas empresas não possuem nenhuma mulher no seu conselho de administração.
Levantamento do Radar Industrial da Fiems apontou que em 2008 eram 23.801 mulheres trabalhando nas indústrias do Estado, número que subiu para 30.547 em 2018. Atualmente, elas representam 24,5% da mão de obra da indústria de Mato Grosso do Sul.
Os setores que mais empregam são da indústria frigorífica e têxtil. Mas a celulose também abre vagas para e mostra o caminho para muitas motoristas de grandes máquinas
Os municípios que mais contrataram mulheres nos últimos anos, em termos percentuais, foram Itaquiraí, São Gabriel do Oeste, Dourados e Campo Grande.
Em Itaquiraí, a indústria de aves é o maior espaço de atuação da mão de obra feminina. Na cidade o número de mulheres na indústria saltou de 152, em 2008, para 921, em 2018, uma evolução de 506%. Elas representam 49,5% da mão de obra da indústria do município, trabalhando majoritariamente no segmento de abate de aves, responsável por empregar 91,3% das mulheres do setor industrial. Ao todo, são 841 mulheres, que ganham em média R$ 1.827 por mês e são fundamentais para a movimentação da economia da região.
Na indústria de São Gabriel do Oeste são 675 trabalhadoras, sendo que 88,7% trabalham no segmento frigorífico, bastante forte na região. Por isso ele é o segundo município do Estado com a maior evolução da participação de mulheres na indústrias 10 anos, com aumento de 194%. Em 2008, elas ocupavam 286 postos de trabalho.
No município de Dourados, as mulheres representam 30% da mão de obra do setor industrial e hoje são 3.697 trabalhadoras empregadas, principalmente nos segmentos frigorífico e confecção. O número significa uma evolução de 42% se comparado a 2008, quando as indústrias empregavam 2.599 mulheres e elas ocupavam 26,4% dos postos de trabalho.
Na Capital do Estado, a evolução da mão de obra feminina na indústria nos últimos 10 anos foi de 19%, com aumento principalmente no segmento têxtil e do vestuário. Em 2008, eram 6.749 mulheres empregadas, com uma participação de 19,9%, número que subiu para 8.016 em 2018, representando 22% dos trabalhadores.
Sem gêneros - Na indústria de celulose, as mulheres quebraram barreiras e mostraram que a ideia inicial da existência de cargos por gênero está ultrapassada. Em Mato Grosso do Sul, elas já são maioria em diversos setores e chegaram a cargos até então ocupados só por eles, como soldadora, operadora de grua, operadora de painel e gerente de manutenção.
Na fábrica da Suzano em Três Lagoas, além de áreas administrativas, elas já são maioria em setores como planejamento florestal (80% são mulheres), viveiro (85%) e qualidade industrial (80%). Gretta Lee Dias Facholi, por exemplo, é a primeira mulher a ser promovida a gerente de manutenção na empresa. Com 16 anos de Suzano, ela chegou a Três Lagoas em 2004, antes mesmo da inauguração da fábrica, para trabalhar como engenheira júnior.
“O empoderamento tem relação com crescimento pessoal, entender suas fraquezas e seus pontos fortes. Muitos gestores homens apostaram em mim e cada um que me desafiou, na verdade, ajudou no meu desenvolvimento profissional”, destacou Gretta Facholi.
Com foco e persistência, Ozenir Costa Rolan é a prova de que é possível superar qualquer obstáculo. Com sete anos de carreira, hoje ela é considerada uma das melhores operadoras de gruas no Estado. “A gente tem que mostrar que é capaz. Esta é a minha área e é o que eu gosto de fazer. Não pode se assustar e tem que estar sempre lutando. É claro, que fica mais fácil quando tem apoio. A abertura para as mulheres é essencial para mostrar que também podemos”, afirmou.