Para evitar dívidas de fim de ano, pais limitam valores e ensinam a economizar
Com a proximidade das festas de Natal e Ano Novo, nem sempre o “na volta eu compro” funciona para a criançada
Com a chegada do fim de ano, automaticamente, os gastos também acabam aumentando, porque além das festividades, é época de dar e receber presentes.
Andando pelas ruas do Centro, muitas vitrines das lojas chamam a atenção com os produtos expostos. Quando os filhos também vão às compras, fica ainda mais difícil controlar com tantos pedidos, e nem sempre o “na volta eu compro” funciona. Mas, o que os pais têm feito para evitar entrar na lista de inadimplentes, e ao mesmo tempo ensinar a criança o limite de gastos?
A atendente Eliane Almeida, de 32 anos, diz que já começou a ensinar o filho de 4 anos a guardar dinheiro. “Colocamos moeda no cofre dele e falamos que vamos abrir para comprar o que ele quiser e o dinheiro der”, disse.
Mas por outro lado, quando ela tenta explicar que não tem dinheiro, a conversa já fica diferente. “Custa a entender quando falo que não tenho dinheiro, mas é preciso saber que não tem como gastar com tudo. Eu falo que eu só tenho um determinado valor para gastar”, completou.
Já a merendeira Iryanes Sobrinho, de 33 anos, prefere não levar às compras para não ter gasto além do necessário. Uma das alternativas é tentar sempre explicar que as coisas estão caras e não tem dinheiro sobrando.
“Na verdade, eu não trago, eu deixo em casa. Hoje que resolvi trazer porque eles queriam vir, eu trouxe, mas eu tento explicar que as coisas estão caras, que o dinheiro está difícil, ou que outro dia eu compro.”
Além disso, ela também ensina sobre comprar os produtos mais baratos e fazer pesquisa de preço antes de gastar.
A cozinheira Elizabete Gonçalves, de 51 anos, coloca um limite de valor que pode gastar a cada ida ao comércio.
“Eu falo que tenho um tanto para gastar, porque vai extrapolar se não tem? Não tem como, e isso ensino desde sempre, e elas entendem”, disse com pressa para entrar na próxima loja.
Paralelo a isso, o Procon Estadual também tem orientado a população sobre o consumo consciente, por meio da Trilha do Consumidor. Essa é uma ação realizada no comércio para instruir sobre os gastos e os direitos.
Endividamento e educação financeira – Em novembro, o índice de famílias endividadas em Campo Grande atingiu 61,2%, conforme a PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), da CNC (Confederação Nacional do Comércio e Bens, Serviços e Turismo). Em outubro, o índice foi de 60,3%.
Com isso, o total de endividados na Capital é de 198.049. Em relação aos endividados com contas em atraso somam 89.474; e os que não terão condições de pagar, 36.731.
O economista Odirlei Fernando Dal Moro destaca que ensinar a educação financeira desde cedo é fundamental.
“Nós adultos sabemos e as crianças precisam saber que há limites na vida, principalmente quando envolve dinheiro. Mostrar de onde vem o dinheiro, as dificuldades para ganhar e saber como gastar é ensinar sobre a vida. Não se trata de criar uma cultura de escassez, mas de ensinar a viver dentro dos limites estabelecidos pelo dinheiro”, pontuou.
O profissional aconselha que a melhor forma de ensinar é a partir dos 10 anos, dando uma mesada por mês.
“A criança vai percebendo e aprendendo sobre o tempo que demora para ganhar e como é rápido e fácil gastar. Ao longo dos meses é necessário ensinar a não gastar todo o dinheiro, mas poupar uma parte”, finalizou.
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