ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, SEGUNDA  23    CAMPO GRANDE 29º

Economia

Postos sobem preços menos de 24 horas após anúncio de novo reajuste

Procon afirma que orientação é esperar zerar estoque para repassar aumento ao consumidor

Cleber Gellio | 26/10/2021 14:32
Carlos Eduardo, 42, paga pelo combustível que colocou no tanque do carro nesta manhã. (Foto: Cleber Gellio)
Carlos Eduardo, 42, paga pelo combustível que colocou no tanque do carro nesta manhã. (Foto: Cleber Gellio)

Menos de 24 horas após o comunicado emitido pela Petrobras às distribuidoras sobre reajuste nos preços da gasolina e do diesel, postos de combustíveis de Campo Grande não perderam tempo e trataram logo de atualizar os valores cobrados pelos combustíveis.

Nas refinarias, a gasolina passou de R$ 2,98 para R$ 3,19 por litro, um reajuste médio de R$ 0,21 por litro (alta de 7,04%), já o diesel saltou R$3,06 para R$3,34 por litro, refletindo reajuste médio de R$ 0,28 por litro (alta de 9,15%). O Campo Grande News percorreu alguns postos e constatou que a maioria das bombas já contava com os novos reajustes.

Para a gasolina comum foram verificados os seguintes comparativos: de R$ 6,07 para R$ 6,39 no Posto Carandá (Avenida Mato Grosso, 4645), de R$ 6,12 para R$ 6,32 no Auto Posto Pororoca (Rua 26 de Agosto, 499), de R$ 6,05 para R$ 6,39 no Posto Acácia (Rua 26 de Agosto, 15) e de R$ 6,19 para R$ 6,39 no Posto Ipiranga (Rua 26 de Agosto com Calógeras). A reportagem encontrou somente uma unidade praticando valor não reajustado a R$ 6,09 no Posto Elloy (Av. Fernando Corrêa da Costa, 630).

Frentistas aguardam clientes em momento de "paradeira" em posto de combustíveis. (Foto: Cleber Gellio)
Frentistas aguardam clientes em momento de "paradeira" em posto de combustíveis. (Foto: Cleber Gellio)

Além dos preços que entraram em vigor nesta terça-feira (26), a forma como são feitos os reajustes não agrada os consumidores. É o caso do representante comercial, Marciano Pimenta, 42, utiliza o carro para visitar seus clientes e gasta em média um tanque por semana. Ele rodou o a cidade para encontrar o valor mais baixo. "A gente não aguenta mais tanto reajuste, toda hora é um novo valor. E pior que a gente não sabe como isso é feito, mal comunicaram e todos os postos já aumentaram os preços. Será que não há estoque nos postos? Cadê o Procon?", indagou.

O empresário Carlos Eduardo, 42, já não tem mais esperança de dias melhores. "Desse jeito, vamos chegar a R$ 10,00 logo, logo. Não dá mais andar de carro, pois temos impostos, manutenção e ainda incertezas nos preços".

Como os valores elevados, Dayane Caldeira, 30, também está se desdobrando para readequar o orçamento. "Está complicado, porque é um item básico e a gente precisa do carro. Com esses aumentos fica difícil administrar o dinheiro e destiná-lo para outras ocasiões que não seja o trabalho", afirma a militar do Corpo de Bombeiro, que já reduziu as frequências na academia de ginástica para evitar gastos.

Caminhoneiro há 17 anos, Jonas Rodrigues, 53, diz que nunca viveu algo parecido. (Foto: Cleber Gellio)
Caminhoneiro há 17 anos, Jonas Rodrigues, 53, diz que nunca viveu algo parecido. (Foto: Cleber Gellio)

Carga pesada - No caso do diesel comum, os preços praticados, antes e depois, foram: R$ 5,04 para R$ 5,39 no Posto América, R$ 5,05 para R$ 5,39 no Posto Ideal e de R$ 5,09 para R$ 5,34 no Posto Caravagio, todos no anel viário.

Se para o consumidor de gasolina a situação é de adaptação, para o de diesel, não há muitas saídas, uma vez que 'pegar' a estrada é o oficio que mantêm o sustento de casa. Nos postos visitados pela reportagem, os profissionais do setor não hesitaram nas queixas. "Tá tudo muito caro e o frete não acompanha os mesmos patamares do diesel, mas temos que continuar trabalhando, porque se parar para pensar, desanima", disse Fabricio de Oliveira, 22, caminhoneiro há anos.

Mais experiente, Jonas Rodrigues, 53, relata que jamais viveu situação parecida em toda sua carreira. Ele trabalha há 17 anos na mesma empresa, transportando madeira de Curitiba (PR) para o Mato Grosso e teme pelo pior, já que o preço do combustível não para de subir. "Se o caminhão fosse meu, deixava aqui mesmo. Não temos mais condições de tocar da forma como está e uma hora tem que parar. Do jeito que está, não dá mais. Minha comissão fica tudo na estrada por causa da inflação", lamenta.

Já o autônomo Thiago dos Santos, 34, há 13 na profissão, carrega aves toda semana com destino ao porto de Paranaguá (PR) e faz da logística sua artimanha para fugir dos preços sul-mato-grossenses. "Coloco cerca de mil litros a cada abastecida e como faço o mesmo percurso consigo abastecer no Paraná com uma diferença no valor bastante grande".

Mostrando a tela do celular, ele faz as contas e mostra que hoje tem uma economia de R$0,60 no litro. "No fim, tenho uma economia de R$ 3.600,00 por mês".

O Procon – Em nota, o Procon afirma ter notificado o Sinpetro (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência) a orientar seus associados a não aplicarem os reajustes enquanto houver em seus tanques combustíveis adquiridos antes da autorização do aumento.

O diretor executivo do Sinpetro/MS, Edson Lazarotto, informou não ter recebido nenhuma notificação.

Nos siga no Google Notícias