Preço do litro de leite acumula já alta de 12,34% e deve continuar subindo
A alta de até 12,34% no preço do leite tem incomodado o consumidor de Campo Grande, que já percebe que o alimento passou a pesar mais nas compras do mês. E o campo-grandense deve se preparar o bolso, apesar da alta ter sido o dobro da inflação registrada na Capital nos últimos 12 meses (6,15%), porque o produto deve ficar mais "azedo", já que houve majoração de 9,7% para o produtor neste mês.
De acordo com levantamento do Nepes (Núcleo de Pesquisas Econômicas) da Universidade Anhanguera Uniderp, nos últimos 12 meses o litro do leite Longa Vida chegou a custar até R$ 2,77 na Capital.
O porteiro João Pascoal da Silva, 46 anos, compra 24 litros de leite por mês e diz que desde o mês de janeiro o leite tem subido mais. “Antes pagava R$ 1,79 por cada litro e hoje sai por R$ 2,39.”, comenta.
A diferença de R$ 0,60 centavos por litro representa R$ 14,40 a mais para levar as duas caixas, valor suficiente para comprar 8 litros pelo valor antigo.
O leite também vai pesar no orçamento de Marileide Gomes, 53 anos, que trabalha como zeladora. Ela reclamou, mas não deve deixar comprar a bebida. “Não tem como deixar de comprar”, desabafou.
Para o professor Celso Corrêa, coordenador do Nepes, a explicação para aumento passa pela baixa remuneração baixa paga o produtor rural. “Nos dois últimos anos o produtor foi muito mal remunerado e a produção de modo geral”, disse.
Pagar mais caro pelo leite não é exclusividade do consumidor sul-mato-grossense. Celso explica que nos Estados Unidos o leite em pó subiu 39% recentemente. “O preço do leite está subindo em todo mundo”, explicou.
No caso do Brasil, o aumento do consumo provocado pela estabilidade da economia não foi acompanhado em retorno para o produtor rural.
A expectativa é de que o leite suba ainda mais, já que levantamento do Conseleite (Conselho Paritário de Produtores e Indústrias de Leite de Mato Grosso do Sul) mostra que em fevereiro o preço pago ao produtor subiu 9,7%.
De acordo com a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), o preço mais alto é reflexo da queda na produção no mês de janeiro. Na opinião da assessora técnica da Federação, Adriana Mascarenhas, a falta de dinheiro do produtor é uma das causas dessa situação.
“O criador local não conseguiu realizar investimentos no setor após o reajuste do salário mínimo, que impactou diretamente nas despesas com mão-de-obra”, comentou Adriana.
Já a dona de casa Maria Consolação Fernandes, 56 anos, tem uma saída para escapar do reajuste. “Toda vez que tem uma promoção do leite eu aproveito pra comprar”, revelou.