Saída para falta de moedas, comerciantes têm medo de devolver troco usando o Pix
Comerciantes temem cair no golpe da nota falsificada, e acabar no "prejuízo"; já consumidor aprova
Com a chegada do Pix a circulação da moeda diminuiu, implicando no troco de pequenos comércios e mercados. Mesmo com a falta de troco, comerciantes de bairros e Centro se recusam a fornecer o troco em Pix. Entrevistados pela reportagem, a maioria afirmou ter medo de cair no golpe da nota falsa.
Para os consumidores o troco no Pix é "até melhor", conforme explica a vendedora Carolina Candi, de 38 anos. Ela relata que prefere receber por Pix, e não gosta de andar com dinheiro. "Para receber eu olho o comprovante, vejo se não está agendado. O banco notifica quando o dinheiro cai na conta, e acaba sendo uma segurança a mais", contou.
O vendedor de frutas, Luciano da Silva Souza, 47 anos, disse que já até tentaram pedir o troco na modalidade virtual e ele se considera irredutível. "Já quiseram comprar R$ 50 em frutas, utilizando uma nota de R$ 200 pra eu dar o troco no Pix. Falei logo que nem sabia fazer Pix 'pro' cara ir embora" afirmou Luciano.
Ele explicou que apenas recebe na modalidade o valor cheio, para não mexer com o troco. "Eu não sou bobo, não sei se a pessoa está fazendo por maldade, né?! Pode ser que ela esteja com uma nota falsa. Então, nem me arrisco", finalizou o vendedor.
Para o gerente de mercado, Wendrick Felipe Ferreira de Melo, 26 anos, o troco pelo Pix é inviável e não é utilizada no estabelecimento. "Mesmo que fique difícil conseguir o troco em papel seria complicado estabelecer o 'pix troco' por aqui. O único celular que efetua pagamento é o da empresa, e não aderimos as modalidade nos caixas", disse.
Sobre a escassez de troco, o gerente afirma que faz grandes esforços para conseguir moedas e notas de menor valor, como as de R$ 2 e R5. "Moeda está difícil de circular. As pessoas estão guardando e aí acaba ficando em falta. Nós vamos em lojas atrás de moedas. Esses dias nós compramos R$ 2.500 em moedas. Seguramos por um tempo, sempre pedindo para o cliente facilitar o troco para não entregarmos as moedas de uma vez" finalizou.
A proprietária de uma loja de utilidades no Bairro Coronel Antonino, Bruna Pereira, 34 anos, diz que passa pelo "sufoco" de não ter troco frequentemente. "Já vieram com nota de R$ 200 aqui, e eu fiquei apreensiva de não ter como dar o troco. Me virei e deu certo" disse ela.
Para ela, a ideia de devolver o troco por Pix não é um problema. "As vezes precisamos ir em comércios para trocar notas mais altas, mas não seria um impasse utilizar o Pix. Facilita até para gente quando não tem troco. Tem loja maior que vêm aqui, tentar trocar nota por moeda, é frequente", finalizou a comerciante.
A estudante Raiane Ramos de Oliveira, 18 anos, conta que nunca recebeu o troco em Pix. "Se eu pagasse algo em dinheiro me incomodaria não receber o troco em papel, mas se fosse por falta de troco, ai até tudo bem receber em Pix. Só ficaria de olho para que meus dados estivessem corretos e esperaria sair o comprovante", afirmou ela.
A confeiteira, Krislaine Medeiros Brites, de 37 anos, afirma que já recebeu o troco no Pix e também já enviou, visto que é autônoma. "É que com a facilidade desse meio de pagamento, as notas saíram de circulação, né?! Muita gente nem anda com dinheiro no bolso. Dificilmente recebo ou pago em cédula. Quando vem com o dinheiro e eu não tenho dinheiro, aí eu volto no Pix. Então é normal", comentou ela.
Primeiras notas do real, datadas de 1994 sairão de circulação, conforme determinação do Banco Central. A mudança não coloca fim ao dinheiro físico, mas faz com que as notas passem a desaparecer gradativamente. As pessoas que tiverem as notas antigas não precisam se preocupar, pois elas podem continuar sendo utilizadas normalmente.
O objetivo da determinação é deixar apenas a segunda geração do real circulando, pois são mais difíceis de falsificar. Segundo o Banco Central, foram apreendidas 270 cédulas falsas em Mato Grosso do Sul no primeiro semestre de 2024.
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