Selo de qualidade quer aprimorar produção de mel na região do Pantanal de MS
Está em fase de finalização as normas que vão guiar a produção apícola certificada pelo selo de IG (Identidade Geográfica) do mel pantaneiro. Esse selo é uma garantia ao consumidor, já que indica a região onde o produto foi obtido e sob quais métodos ele foi produzido.
As regras foram discutidas no seminário Mel do Pantanal, realizado no início desta semana na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Pantanal em Corumbá, cidade a 419 quilômetros de Campo Grande.
Oportunidade - No evento, pesquisadores, apicultores, cooperativas, associações e outras instituições que trabalham com a atividade puderam discutir as regras que serão aplicadas à produção apícola pelo Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial).
“Esse produto vai ser obtido de acordo com normas rígidas. Essa produção, além disso, vai ser certificada, ou seja: além da palavra do produtor, vai ter uma instituição e pessoas independentes que vão atestar que esse produto tem qualidade”, explica o pesquisador da Embrapa Pantanal, Vanderlei dos Reis.
Segundo Gustavo Bijos, presidente da Faems (Federação de Apicultura e Meliponicultura de MS), o produtor deverá investir de R$ 500 a R$ 1.000 por ano para produzir de acordo com as regras da IG pantaneira.
“Ele pode comprometer uma pequena parcela da produção para bancar os custos da IG. O retorno, com certeza, é extremamente seguro”, alega Gustavo. “Aqui no Mato Grosso do Sul o quilo do mel varia de R$ 25 a R$ 40 (na venda direta ao consumidor). No entanto, o mel do Pantanal pode chegar a até R$ 60 o quilo”, afirma. Entretanto, aderir à certificação é uma escolha do produtor.
Interesse - O produtor rural Cristiano da Conceição, que mora na área do assentamento Taquaral, próximo à fronteira com a Bolívia, tem interesse na certificação e procura meios de viabilizar o investimento. “É preciso acontecer uma política de incentivo para aumentar o número de produtores e a quantidade de equipamentos”, acredita.
Para Vanderlei, a maior parte dos investimentos exigidos pela IG do Pantanal não deve ser feita em novos materiais ou equipamentos, mas na administração, planejamento e gestão do negócio apícola, ou seja, na profissionalização da atividade. “Isso é muito bom porque vai melhorar o controle, possibilitando que o produtor comece a verificar onde pode aperfeiçoar a produção, quais são os gargalos, quais são os diferenciais”, alega.
Segundo o fiscal federal agropecuário Márcio Menegazzo, da SFA/MS (Superintendência Federal de Agricultura de Mato Grosso do Sul), a identificação abrirá novos mercados para o mel do Pantanal.
“A IG vem para inserir o produtor dentro do mercado de especialidades, que é mais exigente do ponto de vista de protocolos de produção, responsabilidade social e ambiental", afirma. "Consequentemente, o produtor tem uma condição de remuneração melhor”, conclui.