Travada no TCU, Malha Oeste é indispensável para a logística de MS, diz Verruck
Expectativa é que a Corte de Contas finalize a análise da repactuação até julho
A reativação da ferrovia Malha Oeste segue sem avanço no TCU (Tribunal de Contas da União), apesar das negociações entre a concessionária Rumo Logística e o Ministério dos Transportes. O impasse, que completa um ano, preocupa autoridades estaduais e setores produtivos, que veem na ferrovia um elemento essencial para otimizar o escoamento de produção e reduzir custos logísticos em Mato Grosso do Sul.
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A reativação da ferrovia Malha Oeste, essencial para a logística de Mato Grosso do Sul, está travada no TCU há um ano, apesar das negociações entre a Rumo Logística e o Ministério dos Transportes. Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento, destaca a importância da ferrovia para o escoamento de produção e redução de custos. O plano é renovar a concessão por 30 anos, mas enfrenta obstáculos devido à necessidade de novos estudos. A revitalização permitiria conectar produções ao Porto de Santos, beneficiando setores como o de celulose e mineral. A expectativa é que o TCU finalize a análise até julho, permitindo investimentos ainda este ano.
De acordo com o titular da Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, a revitalização da ferrovia é fundamental para a estruturação logística do estado. “Nesses 10 anos que eu estou [no governo], são 10 anos que eu procuro e penso em ferrovia todos os dias. Então, eu considero isso fundamental e essencial, até para toda essa estruturação logística do Estado de Mato Grosso do Sul”, afirmou.
O plano do Ministério dos Transportes é acelerar a renovação da concessão por mais 30 anos, evitando um processo mais extenso e oneroso. A ferrovia, que se estende por 1.973 km entre Corumbá (MS) e Mairinque (SP), tem sua maior parte localizada em Mato Grosso do Sul, abrangendo aproximadamente 800 km entre Corumbá e Três Lagoas e mais de 300 km entre Campo Grande e Ponta Porã. A revitalização permitiria que grandes empresas do setor de celulose conectassem suas produções diretamente ao Porto de Santos, reduzindo o tempo de transporte. “Todas as empresas de celulose têm os seus terminais privados em Santos, então toda a celulose sairá por Santos”, explicou Verruck.
O projeto enfrenta obstáculos devido à necessidade de novos estudos, apesar de um levantamento de viabilidade econômica apontar investimentos de R$ 18,95 bilhões em 60 anos para recuperar a malha ferroviária. Segundo o secretário, a infraestrutura encontra-se depreciada devido aos anos de investimentos insuficientes por parte da concessionária.
Entre as alternativas para tornar a revitalização viável está a construção de um desvio até Aparecida do Taboado, conectando a ferrovia à Malha Paulista. Contudo, o modelo atual de investimento não contempla a recuperação do trecho entre Campo Grande e Ponta Porã.
O plano de rebitolagem entre Campo Grande e Três Lagoas também é parte da repactuação em análise no TCU. “Vamos pegar todo o trilho, tirar todo o trilho, tirar todo o dormente, vamos botar um trilho novo, ele é estreito, vai no trilho de bitola métrica até Três Lagoas. De lá, uma nova ferrovia ligando até Aparecida do Taboado e também descendo até a empresa Suzano, que está a 33 km”, detalhou Verruck.
O setor mineral também depende da ferrovia para melhorar a logística de transporte do minério extraído em Corumbá. Atualmente, a carga percorre 70 km até Porto Esperança por rodovia, o que sobrecarrega o sistema viário. “Hoje, são milhares de caminhões fazendo esse trajeto. Com a ferrovia, 2 a 3 milhões de toneladas poderiam ser transportadas por trilhos”, explicou.
A expectativa é que o TCU finalize a análise da repactuação até julho, possibilitando um cronograma de investimentos ainda neste ano. A demora na decisão tem preocupado os setores envolvidos, pois sem a definição do TCU, os investimentos e a infraestrutura ferroviária seguem paralisados. Caso a aprovação ocorra dentro do esperado, a Rumo Logística poderia iniciar um cronograma de investimentos para reativação do trecho.
“Estamos na expectativa de que, até julho, o TCU faça uma análise dessa repactuação, e que até o final do ano nós poderemos ver um cronograma de investimentos sendo colocado em prática. É um processo muito parecido com o da BR-163”, afirmou Verruck. “Para nós, isso é fundamental. Não há outro caminho para resolver a logística de minério e do Mato Grosso do Sul”, concluiu.