A partir de R$ 142, cursos mais baratos concentram alunos e acendem alerta
Na graduação de Serviço Social, preocupação do conselho é com estágio na modalidade à distância
Na dura realidade onde a vocação profissional precisa ser decidida na ponta do lápis, o preço da mensalidade de graduação, compatível com o bolso, acaba se tornando determinante para a escolha de um curso.
Entretanto, se a porta de entrada para a faculdade é ampla, com atrativo custo mensal de menos de R$ 143, a concentração de profissionais surge com complicador para a qualidade de ensino e o momento em que se troca a sala de aula pelo mercado de trabalho.
De acordo com Sinopse Estatística da Educação Superior, divulgada pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), o curso de Administração é oferecido por 1.606 instituições em todo o Brasil.
Em segundo lugar, surge Pedagogia (1.137 instituições). Pesquisa da reportagem mostra que as graduações têm outro ponto em comum: mensalidades abaixo de R$ 200 na modalidade à distância.
Serviço Social, que é ofertado em 390 universidades do País, também está entre os mais acessíveis, com mensalidade de R$ 142,79.
A modalidade á distância, mais barata, tem a oposição da ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social).
“É lamentável, o Ministério da Educação autorizou esse tipo de estudo no Serviço Social. Nos encontros nacionais, a gente se coloca contra, mas não tem o que fazer, foge da nossa responsabilidade. É uma situação que se espalhou pelo Brasil”, afirma Ledi Ferla, coordenadora da Comissão de Formação do Cress-MS (Conselho Regional de Serviço Social) .
O conselho, que tem nova gestão, fará diagnóstico sobre o número de cursos e alunos em Mato Grosso do Sul. A preocupação é com a qualidade do ensino.
“É uma categoria desvalorizada na sociedade. As questões sociais exigem um campo teórico aprofundado, sem fazer assistencialismo. Não tem nada a ver com caridade, isso fica no âmbito das igrejas. Para transforma a realidade social, exige bastante aprofundamento”, afirma Ledi.
Quanto à modalidade à distância, a preocupação é como será cumprido o estágio presencial, que exige supervisão profissional de assistente social credenciado ao conselho.
“Muito mais do que a quantidade, existe sim preocupação com a qualidade do ensino. O Cress faz o que é possível fazer, com a fiscalização de profissionais, visita às instituições, verifica a documentação do estágio”, diz Ledi Ferla.
De acordo com ela, o campo para os profissionais registrou expansão nos últimos dez anos, com o Suas (Sistema Único de Assistência Social), além da iniciativa privada.
Certificado de qualidade - Vice-presidente do CRA-MS (Conselho Regional de Administração), Valdir da Costa Pereira afirma que a entidade acompanha o resultado dos cursos no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes).
“Inclusive, iria acontecer um reconhecimento das instituições de ensino de Mato Grosso do Sul, que ofertam curso de graduação em Administração e curso de tecnologia em gestão e obtiveram conceito satisfatório. Infelizmente, em função da pandemia, não conseguimos realizar essa solenidade, mas já está aprovada essa outorga de certificado”, afirma.
Na análise da quantidade de cursos, Valdir pondera que cabe ao Ministério da Educação a decisão sobre o numero de vagas, mas a avaliação é de que a quantidade de vagas atende ao mercado regional.
“O mercado de trabalho em Mato Grosso do Sul tem sim capacidade para inserção dos profissionais. O CRA busca maximizar a cada época a importância da presença do administrador nos ambientes organizacionais”, diz o vice-presidente do conselho.
Mercado futuro - Na contramão da constante corrida pela graduação no ensino superior, o mercado de trabalho tem preferido a especialização de quem passa por curso técnico, com menor duração.
“Os cursos técnicos são com grade especializada. Nos quatro, cinco anos de faculdade vê um pouco de várias coisas. No curso técnico, vê muito de poucas coisas”, afirma Dorvany Alves, diretora-executiva de consultoria de Recursos Humanos.
Ainda sobre o futuro do emprego, o cenário está embaralhado pela pandemia do novo coronavírus, com grande procura, momentânea, por profissionais na área da Saúde.
Uma coisa certa é que a tão procurada formação no ensino superior é vista como o mínimo na hora de contratar. “O mercado hoje já esta considerando a partir do curso. Além do curso, o que mais você tem? O mercado local prioriza mais a experiência”, destaca Raíssa Ramos Ferreira Pedroli, psicóloga e especialista em gestão de pessoas.