Candidata que sofreu acidente enfrenta transtorno em vestibular da UFMS
Pais afirmam que auxílio de transcritor foi deferido; fundação que realiza a prova nega
Foi por pouco que Selena Raquel Alonso Stagliano, 17, não deixou de prestar o vestibular para Medicina na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) neste domingo (3). Uma delegada de polícia precisou intervir para que um funcionário fosse designado como transcritor e a auxiliasse a fazer a prova.
É que Selena segue com dificuldade de mobilidade devido a um acidente de trânsito grave sofrido em agosto deste ano com os avós, em Paranaíba. Dezenas de suturas pelo braço e restante do corpo a deixam impossibilitada de escrever e passar páginas da prova.
"Perguntei mais de três vezes onde estava o transcritor. Daí falei: pelo amor de Deus, quem vai resolver? Veio a delegada, perguntou ali qual funcionário poderia ajudar e disse que a minha filha ia poder fazer a prova. Assim, resolveu", conta o pai, o produtor rural Eduardo Alexandre Stagliano, 48.
Ele e a mãe, a também produtora rural Janine Selena Alonso, 42, garantiram que a filha estivesse dentro da universidade antes do fechamento dos portões. Mesmo assim, a situação só foi resolvida após as provas começarem oficialmente.
Deferido ou não - O pedido de assistência especial para candidatos com deficiência ou alguma dificuldade temporária de realizar a prova deve ser feito com antecedência para a análise da Fapec (Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura), que organiza o vestibular.
No caso do Selena, os pais afirmam que o pedido foi deferido em setembro. Já a assessoria de imprensa da Fapec diz o contrário.
"A candidata em questão teve a solicitação de atendimento especial indeferida. A instituição, portanto, abre um período de recurso para essas situações. A mesma não o fez. Mesmo assim, está recebendo o atendimento necessário ao procurar pela equipe da Fundação", respondeu em nota a instituição.
História se repete - O mesmo transtorno foi vivido por Selena durante o primeiro dia de aplicação de provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Ela acabou impedida de fazer, já que transcritor não foi disponibilizado.
Entrou com recurso para fazer o exame em data especial, mas ele foi negado novamente. A justificativa é que o atendimento que ela pediu só é oferecido para candidatos com dificuldade temporária de mobilidade causada por infecção, segundo os pais de Selena.
Eduardo e Janine ainda não desistiram de tentar viabilizar que a jovem faça parte dos candidatos que farão o Enem na data de reaplicação, 13 e 14 de dezembro. Segundo edital divulgado, os casos permitidos enquadram somente doenças infectocontagiosas, problemas logísticos e local de prova distante.
Ainda este ano, a candidata prestou vestibular da Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) e recebeu a ajuda solicitada. "Foi muito rápido, inclusive", registra a mãe.
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