Com visto a brasileiros impedido, estudante pode perder mestrado na França
Há pelo menos 200 pesquisadores e estudantes do País na mesma situação
O desespero toma conta de estudantes e pesquisadores brasileiros que conseguiram ser selecionados para programas de pós-graduação e cursos na Franças, mas que estão impedidos de acessar o país devido às regras diante da covid-19. Lá, quem é do Brasil está impedido de entrar, a não ser que seja por motivo listado como “imperioso”, o que não é o caso dos estudos.
De Campo Grande, a advogada Gabriela dos Santos Bebber, 24 anos, conseguiu passar em mestrado na Universidade de Paris, onde as aulas começam em setembro. Preocupada com o prolongamento da proibição da emissão de visto para os brasileiros – em vigor desde abril – ela teme não conseguir começar o mestrado e perder anos de estudo e dedicação.
“As universidades lá (na França) pretendem voltar com o ensino presencial, mas dizem que como a determinação para não emitir visto é do governo, elas não podem interferir e em algumas delas não é possível segurar vaga porque são vagas em pesquisa e com bolsa, o que torna inviável segurar vaga. Não temos garantia nenhuma”, lamenta.
Na tentativa de reverter essa situação, centenas de estudantes brasileiros, de vários estados, começaram a campanha #ÉtudierEstImpérieux, o mesmo que #estudaréimperioso, na tentativa de mobilizar as redes sociais e sensibilizar o governo francês à causa, de forma que o visto como estudante passe a ser deferido por ser “imperioso”.
“Estamos vendo nosso investimento ser jogado fora”, lamenta, ao que conta de colega que deveria estar na França em abril para pesquisa e cujo acesso à universidade foi prolongado até agosto. “Se ele não chegar até lá, vai perder a bolsa”, diz.
Ela lembra ainda que o grupo já buscou apoio do Itamaraty para que intermediasse junto à França, o acesso dos estudantes, mas o Ministério de Relações Exteriores “deu de ombros” e assinalou que essa é uma questão a ser definida com o governo francês.
A campanha começou na semana passada e já conta com dois mil seguidores no Instagram e outras centenas no Twitter. Os estudantes já se comprometeram a seguir as medidas sanitárias necessárias, como quarentena, por exemplo, mas o governo francês não voltou atrás na proibição.