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Educação e Tecnologia

Embalagem de R$ 1 pode baratear reflorestamento do Cerrado, defende estudo

Estudo mostra como caixas de ovo aumentaram taxa de germinação de três sementes nativas do bioma

Por Jéssica Fernandes | 22/11/2024 14:48
Sementes cultivadas em papelão biodegradável apresentaram germinação de até 97%. (Foto: Divulgação)
Sementes cultivadas em papelão biodegradável apresentaram germinação de até 97%. (Foto: Divulgação)

Estudo conduzido pela UFJ (Universidade Federal de Jataí) e UFR (Universidade Federal de Rondonópolis) revela como embalagens de ovo podem ser a solução para reduzir os custos de reflorestamento do Cerrado. As cápsulas feitas com papelão biodegradável apresentaram resultados promissores, aumentando a chance de germinação de três espécies nativas do bioma.

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Pesquisadores das universidades federais de Jataí e Rondonópolis descobriram que cápsulas biodegradáveis, feitas com embalagens de ovos, podem revolucionar o reflorestamento do Cerrado. Testes com sementes de baru, angico-branco e tamboril mostraram taxas de germinação significativamente maiores (até 97% para o baru) quando cultivadas dentro das cápsulas, em comparação com a semeadura direta. O baixo custo (menos de R por cápsula) e a proteção contra luz solar e herbívoros oferecidos pelo material biodegradável destacam o potencial desta solução para reduzir os altos custos de reflorestamento e combater a crescente devastação do bioma.

O experimento conduzido em casa de vegetação, com condições controladas de temperatura e umidade, seguiu duas linhas de tratamento: semeadura no interior das cápsulas feitas com embalagem de ovo e semeadura direta na superfície do substrato. Para compreender os aspectos de germinação das sementes nativas do Cerrado, os pesquisadores utilizaram baru, angico branco e tamboril.

As cultivadas dentro das cápsulas apresentaram germinação de 97%, 42% e 12%, respectivamente. Em contrapartida, as que receberam tratamento de semeadura direta tiveram germinação de 15% para baru, 21% para angico-branco e 8% para tamboril.

Com custo de R$ 1, material protege semente contra luz direta
Com custo de R$ 1, material protege semente contra luz direta

A escolha dessas espécies é justificada devido à importância cultural alimentar e ecológica para o bioma. Baru produz a oleaginosa conhecida como castanha de baru, rica em nutrientes, e o angico-branco e o tamboril têm partes utilizadas em preparos terapêuticos, como infusões.

Um dos motivos que explicam o sucesso da pesquisa é o conforto térmico oferecido pelo material biodegradável. Ou seja, as sementes são beneficiadas com condições mais adequadas à germinação, como retenção de umidade e proteção contra exposição direta à luz solar intensa.  Outro fator positivo é que as cápsulas oferecem proteção contra ataques de animais herbívoros que poderiam se alimentar das sementes.

Custo das embalagens - A pesquisa demonstrou que as cápsulas biodegradáveis custam menos de R$ 1. Em entrevista ao Estadão, o professor Normandes Matos da Silva, que participou da pesquisa, falou que os custos de reflorestamento saem em torno de R$ 25 mil a R$ 30 mil por hectare.

Conforme o Monitor do Fogo, do MapBiomas, que monitora o uso do solo brasileiro por imagens de satélite, em 10 meses, o Brasil teve três vezes mais focos de queimadas e perdeu o dobro de área para o fogo do que em 2023. A vegetação nativa foi o principal foco do fogo.

A pesquisa publicada no periódico científico Ciência Rural pode ser acessada no link

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