Estudantes da UFGD reivindicam lugar para dormir e ocupam reitoria
Alunos camponeses e indígenas iniciam movimento com programação de atos extensa
Começou nesta quinta-feira (9), a ocupação de estudantes do curso de LEDUC (Licenciatura em Educação do Campo) na reitoria da unidade 1 da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).
Indígenas e camponeses que fazem o curso reivindicam os recursos que vão garantir a próxima etapa do curso. Cerca de 240 alunos podem não ter onde dormir durante o tempo universidade é real, que são as aulas teóricas realizadas na cidade.
O alojamento dos estudantes, chamado de casa de alternância, está no projeto do curso desde sua criação. No entanto, os alunos ficam hospedados em hotel. Os recursos para a manutenção da estadia não estão garantidos para o retorno das aulas.
Eles querem a inclusão dos cursos da Faind na matriz Orçamento, Custeio e Capital (OCC) da universidade para que se garanta acesso e permanência, através de refeições, bolsas, material didático pedagógico, ciranda infantil e infraestrutura, que possibilidade que a Faculdade Intercultural Indígena possa estar presente nos territórios.
“Não vamos sair sem ter uma resposta de que teremos alojamento em agosto. Estamos sem lugar para dormir”, explica o porta voz do grupo, o camponês e aluno do quinto semestre do curso, Julio Cesar Barbosa, 28 anos.
Uma reunião com o vice-reitor pró-tempore da UFGD está marcada para esta tarde. O interventor oficial está de férias. A unidade vai completar três anos sem um titular oficial a frente da instituição. Na programação da ocupação, os alunos vão fazer apresentação de TCC, aulas públicas, seminários e atos públicos. Os alunos também tiveram que encurtar o tempo, antecipando aulas para domingo, já que não conseguiram garantir alojamento nas aulas, durante o período estipulado na grade.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da UFGD. Em nota, foi confirmada a agenda do vice-reitor Arquimedes Gasparotto Junior com os estudantes às 15h, de hoje.
"Nesta reunião, a reitoria espera receber algum documento formalizando as demandas dos acadêmicos, para que haja discussão sobre os encaminhamentos necessários.
A Reitoria lembra que em 27 de abril de 2022 foi realizada uma reunião com estudantes e docentes da Faculdade Intercultural Indígena, e que um dos encaminhamentos acordados naquele momento foi a criação de uma comissão composta pela comunidade acadêmica da FAIND.
Os membros dessa comissão foram convidados a participar da reunião na tarde de hoje, 09/06, para informar quais encaminhamentos foram dados desde abril. Uma das principais demandas é que a comunidade da FAIND faça um estudo sobre os critérios para que os cursos da FAIND sejam integrados na matriz OCC, que é a base de cálculo dos recursos enviados pelo MEC para a manutenção dos cursos da UFGD."
Entenda - A FAIND tem um regime de pedagogia de alternância, no qual os estudantes vão à universidade para etapas presenciais, que normalmente duram 15 dias, e realizam outras atividades de campo nas suas comunidades de origem. Para as etapas presenciais, é necessário alojamento, alimentação e transporte aos acadêmicos durante a estadia em Dourados. É principalmente para essas demandas que a faculdade tem sofrido com o estrangulamento orçamentário.
A FAIND tem formado profissionais da Educação para atuar em escolas indígenas e escolas do campo, em áreas como Ciências Humanas, Linguagens, Matemática ou Ciências da Natureza. A descontinuidade dos cursos deve desamparar comunidades inteiras, principalmente crianças e adolescentes, que dependem de educadores com formação específica para atuar em seus contextos e territórios.
Histórico - Desde abril de 2022, estudantes da Licenciatura Indígena Teko Arandu também protestaram com a mesma pauta e se reuniram com o reitor interventor pró-tempore da UFGD e apresentaram suas reivindicações. No entanto, a cobrança da comunidade acadêmica da FAIND por financiamento necessário para a manutenção da Faculdade não é recente. Já em 2016, o movimento estudantil da Leduc chegou a ocupar a reitoria da UFGD exigindo a continuidade do curso e a abertura de novo edital de vestibular, o que foi conquistado à época.
(*) Matéria atualizada às 13h52 para acréscimo de informação.