Mutirão é esperança para garantir ano escolar infantil
300 crianças acompanhadas dos pais fizeram parte de ação da Defensoria Pública na manhã deste sábado
Sob o risco de perderem o ano letivo ou terminarem 2022 sem atendimento escolar, 300 crianças acompanhadas dos pais fizeram parte de mutirão da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul nesta manhã para cobrar, via judicial, vagas em escolas municipais de educação infantil e ensino fundamental.
As famílias já estavam pré-cadastradas e conforme a defensora pública responsável, Débora Maria de Souza Paulino, as prioridades no atendimentos são de quem já tem o pedido de vaga feito na Semed (Secretaria Municipal de Educação), mas não conseguiu, ou quem conseguiu, mas a vaga é muito longe de casa, o que inviabiliza o acesso.
É o caso da diarista desempregada Elízia Maria da Silva, de 42 anos que tenta vaga para o filho de 6 anos de idade. Ele está fora da escola desde março, quando voltou de Mato Grosso, onde morava com o pai. “Em agosto saiu vaga para ele em escola da Moreninha, mas no começo do bairro e não compensa. Eu teria que pagar quatro passes todos os dias para levar e buscar”, conta.
Ela mora na Moreninhas III e como a vaga que conseguiu era muito distante, resolveu recorrer à Defensoria para conseguir que o filho volte a estudar. “O meu desespero é porque ele está fora da escola, vai ter atraso no ensino e eu ainda recebo benefício do governo, que posso perder se ele não estiver matriculado”, afirma.
Quem vive situação semelhante é Priscila de Lemos, de 27 anos, que tem dois filhos: um de 6 anos e outro de 8. Ela se mudou para o bairro Noroeste e conseguiu vaga para o mais novo na escola do bairro, mas para o mais velho, que tem deficiência intelectual, não. “Ele está desde abril, quando me mudei, parado”, conta.
A mãe diz que faz o pedido de vaga todas as semanas na Semed e que ao que parece, as vagas para alunos especiais é limitada ao número de professores que podem acompanhá-los. A escola do Noroeste já estaria no limite para esse tipo de vaga. “Minha última esperança é esse mutirão”, ressalta.
Vindos de Porto Velho (RR), o casal Thaiani Ferreira de Souza, 23 e Maycon Faria dos Santos, 32, precisam de vaga para os filhos de 2 e 4 anos. A escola de educação infantil fica a uma quadra da casa deles, no Jardim Pioneiros e desde janeiro, quando chegaram em Campo Grande, buscam a vaga. “Já fiz de tudo que posso para conseguir a vaga, mas nada ainda”, disse a mãe.
Ela conta que no Cras (Centro de Referência em Assistência Social) do bairro foi orientada a se cadastrar em algum benefício social, o que poderia facilitar acesso a alguma vaga, já que para receber o recurso, os filhos precisam estar matriculados. Mas nem isso ajudou. “Só meu marido trabalha, mas para dar conta do aluguel comecei a ajudar ele e ser servente de pedreiro também. Daí a gente tem que pagar uma mulher pra deixar as crianças”, comenta.
Serviço - Quem precisar de atendimento na Defensoria, pode tentar agendamento aqui ou entrar em contato com o Nudeca (Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente) pelos números (67) 3313-4919 e WhatsApp: (67) 99247-3968.