UFMS realiza eleições para reitor com 5 chapas e autonomia sob ameaça
Aulas presenciais estão suspensas desde março, mas disputa está marcada para 17 de julho
Contexto atípico marca as eleições de 2020 para administrar a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso). Não só a pandemia, que suspendeu as aulas presenciais da instituição desde março, mas também a possibilidade do governo Federal desconsiderar a lista tríplice definida pela comunica acadêmica, pesam na disputa deste ano. Mesmo assim, cinco chapas se inscreveram para participar da consulta marcada para o dia 17 de julho.
O atual reitor, Marcelo Turine, docente da Facom (Faculdade de Computação), concorre a reeleição com a vice-reitora, Camila Ítavo, (Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia). A chapa “Todos Somos + UFMS) já disponibilizou campanha nas redes sociais.
Chapa composta pelos professores Lincoln Oliveira, do Instituto de Química, e José Menoni, do Campus de Três Lagoas, é considerada a principal rival da atual gestão.
Também participam da disputa a docente Elizabeth Bilange, da Faculdade de Ciências Humanas, com a professora Lucilene Machado, do Campus Pantanal, como vice; e Augustin Malzak, da Faculdade de Medicina, concorre com Marta Nunes, da Faculdade de Ciências Humanas, como vice.
A eleição conta ainda com os nomes de Lídia Maria Ribas, da Faculdade de Direito, com Gunter Hans Filho, da Faculdade de Medicina, como vice.
Os três primeiros nomes mais votados devem compor a lista tríplice a ser encaminhada ao MEC (Ministério da Educação). Os escolhidos devem gerir um dos maiores orçamentos do Estado até 2024.
Interferência – No dia 10 de junho, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi autorizado pelo presidente Jair Bolsonaro a fazer a nomeação dos reitores para universidades e institutos federais durante a pandemia, sem realização de consulta à comunidade acadêmica. Nesta quarta-feira, ele anunciou que vai deixar a pasta.
A medida provisória previa nomeações em caráter temporário assim que terminasse o mandato dos atuais dirigentes. Deste o início da gestão do presidente, há tentativas de interferir na administração das universidades.
Em junho do ano passado, Mirlene Ferreira Macedo Damázio, ligada ao PSL, então partido do presidente, foi nomeada reitora temporária na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados). Escolhida sem eleição, ela foi recebida com protestos e chamada de interventora. Desde então, as federais temem interferência na autonomia das instituições.