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Maioria diz conhecer alguém que já foi vítima de racismo

Campo Grande News questionou se os leitores já foram ou conhecem alguém que foi discriminado por causa da pele

Aletheya Alves | 21/11/2020 07:17
Protesto ontem, em frente ao Carrefour, após morte de homem, agredido e asfixiado, em Porto Alegre (Foto: Silas Lima)
Protesto ontem, em frente ao Carrefour, após morte de homem, agredido e asfixiado, em Porto Alegre (Foto: Silas Lima)

Em data destinada a reflexão, o Campo Grande News questionou durante o Dia Nacional da Consciência Negra se os leitores conhecem alguém que já foi vítima de racismo. Entre comentários que diminuem a luta dos negros e outros que ilustram o cenário brasileiro, a maioria disse que já viveu ou ouviu história sobre racismo.

O resultado da enquete indica que 52% das pessoas conhecem alguém que já foi vítima de racismo e 48% dizem que não.

Criada em 2003 como data de calendários escolares, o Dia Nacional da Consciência Negra foi reconhecido em todo o país pela lei nº12.519 em 2011. Em cerca de 1 mil cidades a data é feriado, sendo quatro delas em Mato Grosso do Sul.

“Lutar contra o racismo para quem o vive na pele não é uma opção, é sobrevivência”. Mais do que ter visto situação alheia de racismo, João Júnior relata que o preconceito é sentido diariamente. Exemplificando seu cotidiano, ele narra episódio em que foi ao banco tentando descontar um cheque.

Faltando alguns minutos para o fim do expediente bancário, ele teve a porta rotatória travada pelo segurança, que informou sobre a finalização do horário. Já saindo do local, João percebeu um homem branco e de terno entrando no banco sem problemas. “Cheguei perto e perguntei ao segurança se havia alguma diferença entre o senhor que entrou e eu. Após o gerente chegar em segundos, pude entrar e descontar meu cheque”, conta.

Ser menos retinto que outros pretos, ter dinheiro, ter estudos, nada disso impede que as portas automáticas travem mais para mim do que para a minha esposa branca ou que eu tenha, quando vou ao mercado de bermuda e camiseta, sempre um "acompanhante" nos corredores.

Com exemplos ainda mais escrachados, Nereu Souza conta que os adjetivos recebidos não podem ser contados em dedos das mãos. “Já me chamaram de lama de poço, asfalto, isolante, pixaim, frigideira, marrom, caroço de bucha, caroço de melancia, pneu, tinteiro, etc.”.

Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Casada com um homem negro, Nanashara Boehm explica que a primeira fala sobre seu marido aos familiares gerou racismo instantâneo. “Ficaram questionando e perguntando como eu era casada com negro, se meu filho tinha nascido branco”. Completando as falas acima, Sidnei Leal Silva diz, “o racismo não está piorando, só está sendo filmado”.

Injúria racial e racismo - Noticiado pelo Campo Grande News nesta sexta-feira (20), reportagem mostra que Mato Grosso do Sul tem quase um registro por dia de injúria racial. Conforme Anuário de Segurança Pública, em 2019 foram registrados 361 casos de injúria racial e 18 de racismo no Estado.

No dia 19, flagrante no Carrefour, em Porto Alegre (RS), mostrou imagens de homem apanhando de seguranças do estabelecimento. João Alberto Silveira Freitas foi imobilizado, agredido e asfixiado. O caso gerou revolta e protestos em todo o Brasil.

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