Após casos de racismo no Estadual, Federação faz reunião para discutir ações
A reunião foi sediada na sede da FFMS e o Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro estava presente
A FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) fez reunião nesta segunda-feira (18) para discutir ações de combate ao racismo. O evento foi na sede da instituição responsável pelo futebol do Estado e reuniu representantes do Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro, da Prefeitura de Campo Grande e da Acems (Associação dos Cronistas Esportivos de MS).
A reunião durou cerca de uma hora. Da Federação, participaram o atual presidente Francisco Cezário e o vice-presidente Marcos Tavares. Ambos destacaram que repudiam quaisquer ações de injúria racial nas competições que organiza.
As discussões vêm após dois casos ocorridos no Campeonato Sul-Mato-Grossense Série A de futebol masculino de 2024. O primeiro envolveu a invasão de campo por parte de um policial militar e depois ameaças a um atleta da Portuguesa no jogo diante do Náutico pela primeira fase do Estadual.
A confusão envolvendo jogadores da Portuguesa e policiais militares ocorreu por volta dos 19 minutos do 1º tempo. Após a arbitragem comandada por João Bosco Rodrigues Echeverria marcar pênalti, jogadores da Lusa passaram a questionar a decisão. Enquanto o árbitro se reunia com um dos assistentes, dois policiais militares entraram em campo com arma em punho. Um deles puxou Vinicius pelo braço e o conduziu por alguns metros. Vinícius questionou e o PM teria continuado. "Eu te prendo, nego".
O mais recente envolveu o árbitro Rosalino Francisco Sanca. O médico do Costa Rica na partida diante do Operário no Estádio Laertão falou que “Esse neguinho gosta de confusão”. O caso foi registrado como injúria racial.
O presidente da FFMS, Cezário, disse que a instituição já está no combate ao racismo desde que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) lançou a própria campanha. Ele citou que cada pessoa deve ser punida pelos seus atos individuais.
"Somos parceiros, nos colocamos à disposição, estamos prontos para estarmos juntos em qualquer projeto que a entidade que nos visitou. Acho que não é um papel só do futebol, é um papel de toda a sociedade sobre o processo, quer seja no trabalho, quer seja na convivência, quer seja em todos os sentidos do social, eu sou parceiro", disse Cezário.
Cezário complementou que está à disposição e coloca toda a diretoria da FFMS para as ações que devem ser sugeridas pela presidente do Fórum, Romilda Pizani. Ela destacou que a reunião cumpriu o objetivo de entregar a nota de repúdio (imagem abaixo) e avaliou como positiva a recepção por parte da Federação.
"Em primeiro momento a nossa conversa foi uma conversa para nos apresentarmos a essa federação e dizer que esse movimento do qual insiste em dar continuidade, que é no racismo estrutural, nós somos totalmente contra isso, não só pelo que aconteceu com o Sanca, pelo que aconteceu com o Vinícius, mas pelo que vem acontecendo a nível mundial", explicou.
A proposta é que ações de combate ao racismo sejam divididas em dois semestres neste ano. No primeiro, "foi proposto que haja palestras, que haja conversas com as pessoas, com os profissionais. Além disso, entregas de camisetas panfletos e materiais informativos, informando as pessoas aonde elas têm que ir quando sofrerem injúria".
O assessor de Comunicação do Operário, Rafael Domingos, foi a pessoa que registrou o momento dos xingamentos contra o árbitro Sanca. "A verdade é o seguinte, foi um momento muito triste, muito triste pro futebol, muito triste. Mais uma cena de racismo em que nós estamos já acostumados a vivenciar aqui no Mato Grosso do Sul".
Ele detalhou que a situação foi no início da partida. Ele apresentou o vídeo ao Sanca no intervalo.
Quando o médico passou bem na frente proferindo aquelas palavras, você não tem ideia, vocês estão assistindo, vocês estão nos ouvindo, não tem ideia do quanto que machuca você ver um outro irmão sendo ofendido daquela forma e você vai fazer o quê?", destacou Rafael.
Thiago Lopes de Faria representou a Acems e defendeu que as pessoas autoras das injúrias sejam punidas. Além disso, que haja perda de pontos para o Costa Rica. "Eu entendo também que no caso do Costa Rica tem que ter uma polícia esportiva. No caso do policial não tem o que fazer, a culpa não é do Náutico, que era o mandante naquela oportunidade".
Ele relembrou o caso contra o goleiro Aranha, quando jogava pelo Santos em jogo contra o Grêmio na Copa do Brasil de 2014. Na ocasião, o Tricolor gaúcho foi eliminado da competição e perdeu os pontos da partida.
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