“Mansão da Águia”, na Chácara Cachoeira, perde estátua mas volta à ativa
Quem sempre teve curiosidade de conhecer a “Mansão da Águia”, na rua Luís Freire Benchetrit, bairro Chácara Cachoeira, perto da escola Paulo Freire, em Campo Grande, poderá, enfim, entrar ainda neste semestre. O imóvel, que ficou fechado por anos, será um centro comercial, o Altos do Cachoeira, que tem previsão de abrir as portas ao público no mês de junho.
A responsável pelo empreendimento é a empresária Erika Jandre, de 35 anos, que alugou o espaço, vendido, segundo ela, para um pecuarista de Presidente Prudente (SP), para sublocar aos interessados em manter negócio em um dos endereços mais nobres da cidade.
O casarão tem quatro andares. No primeiro, se tudo der certo, será instalado um café; no segundo, por enquanto, um escritório de arquitetura; o terceiro inteiro já foi alugados para escritório e o quarto será ocupado por um personal trainer, que deve montar um estúdio no espaço.
No total, são 13 salas, distribuídas em uma área de aproximadamente 810 m². Somando o terreno, são 1,2 mil m². Erika afirma que não mexeu em nada. Fez apenas uma reforma pequena, mas não pretende mudar a parte estrutural porque quer manter a identidade do local, apesar da águia já não estar mais na fachada.
“Não vamos tirar nenhuma janela porque a casa é maravilhosa. Tem um acabamento único que não vemos em outro lugar, com gesso, pisos de mármore... Quando eu vi, me apaixonei”, relata.
Se do lado de fora a mansão atrai olhares, chama atenção por conta da grandeza e dos detalhes que fogem do padrão, por dentro o espaço é ainda mais interessante. O Lado B fez um “tour” pelo casarão.
A cor predominante é o cinza, mas o branco ganha destaque no muro, nas janelas, portas com acabamento em arabescos, e nas colunas, que lembram a arquitetura grega. O preto pode ser visto no interior, logo no térreo, que tem piso de mármore, recortes em braco e cinza, além do teto e das paredes com faixas desenhadas com gesso.
O segundo piso repete o modelo, mas a parte superior é trabalhada em quadrados, que deixam tudo mais luxuoso. O terceiro piso tem salas mais comuns, com pisos simples, mas o destaque é o banheiro de mármore em tom azul. Na pia foram preservadas as torneiras douradas, uma raridade na mercado.
O último andar é, na verdade, um salão, com cobertura comum e vista panorâmica através das janelas de vidro temperado. Mas foi levantado em uma segunda fase, não faz parte da estrutura original.
O mais curioso e que o lugar foi criado para servir como creche, apesar de tamanho luxo. A antiga dona do imóvel é dona de cartório em Campo Grande, Joana Dark, que também construiu uma mansão ao lado, agora transformada em hostel.
Visão - É a primeira vez que Erika vai comandar um negócio como esse. Durante 15 anos, ela foi gerente de uma empresa da própria família, mas, em 2010, a falência bateu à porta. “Sai e fui vender algumas coisas, como herbalife. Também fiz cursos na área da beleza, de depilação e maquiagem, mas parei em 2013 porque fiquei grávida”, disse.
O bebê nasceu no final do ano passado e a mulher pôde, enfim, voltar à ativa. Foi quando soube que a mansão que sempre admirou estava para alugar. No impulso, movida pela curiosidade, mas sem nenhum projeto em mente ou em mãos, resolveu conhecer a casa. Na época, a filha buscava alugar alguma espaço para dar aulas de balé a crianças carentes.
“Não fui pensando em alugar. Queria conhecer, mas, quando voltei, fiquei inquieta. Não conseguia dormir. Levantei à noite, fiz uma oração e aí começou a vir um projeto na minha cabeça. Anotei tudo no papel. Levei alguns amigos arquitetos, designers e minha contadora para dizer se era possível fazer o que queria, aí comecei a trabalhar nesse sentido”, afirma, ao contar que vendeu até o carro para investir na mansão.
Fiel da igreja El Shaddai, em Campo Grande, ela acredita que teve uma revelação. “Depois dessa visitação eu fiquei uma dois dias sem contar para ninguém, meditando só eu e Deus, e pensando se não estava doida. Sentei com meu marido e falei a ideia. Ele falou que eu estava louca, mas depois começou a acreditar em tudo o que eu disse”, relembra.
Erika relata que, na visão que teve, viu o centro comercial do jeito que está ficando, “com estúdio em cima, o terceiro andar para algo de beleza, o segundo com escritórios e o primeiro com café e lojas”
Sem experiência como empresária, ela confessa que sente receio do empreendimento não dar certo, mas se mostra confiante. “Pensei em retroceder, mas ao mesmo tempo falei: não vou parar. O que vem no meu coração é que este é um projeto que Deus me deu”, declara.
A confiança fica nas orações, na intervenção divina, mas a mulher também faz a parte dela. “Estou estudando para ser corretora”, conta.
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