Casa de madeira mantém porteiras abertas como uma fazenda no São Francisco
"A sala nossa é geralmente aqui, ou embaixo do pé". A frase soa como convite para que o visitante se achegue nas cadeiras da varanda, logo depois da porteira. No bairro São Francisco, em Campo Grande, de madeira, a casa de fazenda em plena quadra da Pernambuco foi presente de casamento de um avô à neta, na década de 70 e há 31 anos é lar de seu Assef e dona Fátima.
"Nós somos em quatro filhos e mais esposa. Hoje, só a caçula mora aqui com a gente", enumera o produtor rural Assef Buainain Neto, de 59 anos. A casa pré-fabricada foi trazida de São Paulo por uma empresa especializada e era o que 31 anos atrás, Assef e Fátima podiam comprar. Das condições à época a paixão de hoje, ter um pouquinho do campo na cidade faz com que a família sinta uma paz que hoje o casal não vive sem.
Os portões da garagem ficam sempre abertos e tocos de árvores fazem a passarela dos carros até a casa, passando pelas árvores do quintal. Se não fosse pela fachada, as frutas que saem do pé direto para a mesa já dariam a cara e os sabores de fazenda. Só ali tem jabuticaba, carambola e pitanga. A região, que sempre fora residencial, nos últimos anos se transformou em zona de clínicas e consultórios.
"A pessoa de quem nós compramos a casa ganhou de presente de casamento do avô. Ela quem escolheu que fosse uma pré-fabricada. Nós tínhamos nos casado, moramos um ano na Nova Campo Grande e depois nos mudamos para aqui, no meio da quadra e coincidentemente, o irmão do rapaz que trabalhava comigo morava aqui e me falou que a casa estava à venda", narra Assef.
Fazendeiro, Assef já estava familiarizado com o estilo da residência. "Achei bom, bacana, o terreno é grande, ela é de fazenda e confortável", completa. As paredes são duplas, com lâmina de isopor no meio que funciona como isolante térmico e acústico. O mesmo acontece com a lã de vidro, mas entre teto e forro.
De peroba tratada, são 170m² de residência que chamam atenção até hoje. "Não é muito usual esse tipo de casa em Campo Grande. Gozado que quando me mudei para cá, um senhor que tinha uma farmácia passou e falou: quero comprar essa casa e eu respondi que não estava à venda, e ele disse: eu sempre tive vontade de morar aqui. Mas continua sem estar à venda", ri o dono.
Para os fundos, os donos ainda têm piscina e o terreno ao lado que serve de pomar com laranja, limão, figo, acerola e manga.
"O que a gente mais gosta aqui? É que é nossa, não paga aluguel", brinca Assef. "É por ela ser gostosa, arejada, os filhos cresceram aqui e depois a gente vai tomando amor", completa.
Ao lado do avô, Maria Angélica, de 8 anos, diz que casa igual aquela só vê em Bonito. "Eu gosto pela paisagem, não vejo casa com flores assim, só em Bonito", descreve.
A dona, Fátima Cardinal Buainain, de 61 anos, escolhe o cantinho que mais gosta. A frente da casa pela fachada e a sombra. "Adoro minhas árvores, meus passarinhos, cresci em fazenda quando criança", lembra.
E como os portões estão abertos na maior parte do tempo, volta e meia adentra algum paciente perguntando se ali também não é clínica. A família só retribui a visita não agendada com um sorriso.