Casa simboliza sossego de irmãos que preferem ouvir os passarinhos
Deixada pelos falecidos pais, lar é guardado por grandiosas àrvores que os protegem do mundo 'bombando'
Portões de madeira e um alto muro escondem a casa que preserva as histórias do casal que partiu e deixou três filhos. No Bairro São Jorge da Lagoa, os irmãos Jorgina Alderete, de 57 anos, Cláudio Alderete, de 69 anos, e Irma Maria, de 55 anos, vivem dias sossegados no lar que parece pequena chácara.
Eles e os pais Margarida Ramires Alderete e Salvio Alderete vieram de Porto Murtinho para Campo Grande em 2000. A casa foi construída na mesma época com madeira angelim originária do Pará e quando eles chegaram no bairro o lar estava esperando.
O modelo dela é inspirado nas residências de Santa Catarina que ostentam arquitetura dos tempos coloniais. A casa é inteira de madeira, desde o forro as janelas que brilham graças ao verniz. Com sala ampla, dois quartos, banheiro e cozinha, o imóvel foi ampliado para se adequar às necessidades da família.
A segunda parte da casa é de alvenaria e não conserva o charme da madeira que conquistou os pais do trio. Jorgina conta que os dois adoram o lugar que lembrava a terra natal. “Eles amavam porque eles saíram do interior e Porto Murtinho é uma cidade bem calma e aqui ficou igualzinho. Aqui é tranquilo, nesse bairro você ouve só passáros”, afirma.
Margarida e Salvio vieram para à Capital com o objetivo de trabalhar e que os filhos estudassem. Ele faleceu há 12 anos e ela há sete. Jorgina e os irmãos herdaram a residência e o mesmo carinho que os pais tinham por ela. “Aqui é muito bom, a casa é bem confortável e o quintal é enorme, parece uma fazenda”, diz.
Do portão de madeira até a casa, o caminho é feito em menos de dez passos. Na varanda, Claudio descansava na cadeira de fios e o mascote da família, o ‘Fofinho’, fez o mesmo minutos depois no chão. O dia seguia sossegado e realmente só se ouviam o som dos pássaros.
Apesar de ter duas janelas para garantir iluminação natural, a sala é um pouco escura, pois o piso tem cor semelhante à da madeira angelina. O tom muda ao chegar ao quarto da anfitriã. “Eles passaram outra tinta uma tinta branca pra poder clarear porque ela é muito escura”, explica.
Com 23 anos, a residência está longe de denunciar a idade e cada canto parece ter sido construído ainda ontem. O mérito disso é dos moradores que mantêm os cuidados com ela em dia. “Para manter essa casa aqui é um trabalho por causa do verniz. Tem que pintar sempre, senão ela pode estragar”, comenta Jorgina.
Depois de mostrar os cômodos, a moradora volta para a varanda. Dali seguimos para o quintal onde Salvio plantou pelo menos três árvores de mexerica, bananeira, manga e greifo. Claudio é quem cuida do quintal que estava perfeitamente limpo sem folhas ou frutas no chão.
As árvores formam grandiosas sombras por toda extensão proporcionando um clima agradável em dias ensolarados. Ao mesmo tempo, elas parecem proteger a casa dos ruídos da rua e por minutos São Jorge da Lagoa parece ser um bairro sem vizinhança e fora da curva.
A sensação de sossego e conforto experimentada nos 20 minutos de visita não são nada em comparação aos 23 anos que os irmãos têm de vivência no lugar. Por isso não é difícil entender porque os três ficaram sem planos de chamar outro endereço de lar.
“Eu acho que nós não vamos sair não, aqui a gente planta, colhe e tá ótimo. O mundo lá fora tá bombando”, finaliza Jorgina.
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