Casa tradicional da 13 de Maio será demolida para obra de edifício garagem
Ao fundo do terreno amplo de 600m² na Rua 13 de Maio, a casa que pertenceu a uma centenária cheia de vida e história, será demolida. A arquitetura já descrita anteriormente aqui no Lado B pode dar lugar a um edifício garagem todo automatizado e vai, enfim, realizar o sonho do dono, de ter seu nome em um imóvel na cidade.
A demolição foi consultada pelo Conselho Municipal de Políticas Culturais, que concordou por unanimidade, em reunião no Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano), nessa quarta-feira (7), sob a justificativa de que a casa já fora demolida em 1958 e a construída ali, não tem valor histórico.
Por estar dentro da lista de imóveis considerados bens passíveis de tombamento, pela Lei Complementar n° 161, de 20 de julho de 2010, que a decisão sobre a demolição teve de ter o pareceres da Fundac (Fundação Municipal de Cultura), do Conselho e por fim, quem bate o martelo é a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano). Desde a morte da dona, Zulmira, em 2013, aos 101 anos e 335 dias, os herdeiros entraram com o pedido.
A casa tinha, até então, o projeto atribuído ao arquiteto Hélio Baís, neto de Bernardo Franco Baís. No entanto, a família, junto do arquiteto contratado para lidar com a certidão de demolição, Nelson Guimarães, sustentam que o imóvel já foi descaracterizado.
"Essa casa tinha todo interesse de preservar, mas a que foi derrubada, não a atual", frisa o arquiteto. A primeira construção teria sido em 1944. "Já foi descaracterizada e o que a gente quer é fazer tudo legal. Essa atual não tem o sentimento de pertencimento à cidade. Ela fica quase 40m distante, lá no fundo, as pessoas não enxergam o imóvel", sustenta Nelson.
Dentro dos critérios de tombamento, há uma série de itens que vão além das características da fachada e a data de construção.
"Montei toda justificativa no processo, com laudo técnico de vistoria, pericial e fotográfico. O imóvel não tem nada que justifique uma preservação", ressalta o arquiteto.
A família herdeira quer construir no terreno e são várias as propostas em andamento. "Uma delas e que ganha mais força é o edifício garagem, que será todo automatizado. No Centro, é difícil estacionar e nele terão vários andares, dentro do que a lei permite, para que o carro chegue e seja levado de elevador", explica o arquiteto.
Em entrevista anterior ao Lado B, Harley Silvério, filho dos donos, disse que o sonho do pai, seu Jovenísio Faustino Silvério, era pela comercialização. "O desejo dele, do meu pai, era que quando não existisse mais ele e minha mãe, era para vender a casa e construir um prédio com o nome dele. Era isso que ele planejava".
A reunião ainda discutiu uma revisão de imóveis que constam na lista. A ideia é rever e acrescentar novos, que deveriam estar dentro de um possível tombamento. Agora o pedido passa pela Semadur, órgão que dará a decisão final para demolir.
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