De taipa, casa rústica de verdade pode custar R$ 700 o m². Você faria?
Rústica mesmo. De fora, a cor encanta e por dentro, a consistência das paredes mostram uma arquitetura simples e de qualidade. De taipa, uma casa sustentável custa a partir de R$ 700 o metro quadrado. Com terra crua como matéria-prima, a pergunta que Laura faz e quer resposta é: você faria uma dessa?
Mestranda em eficiência energética e sustentabilidade pela UFMS, a arquiteta quer mostrar os benefícios de construir a partir de terra compactada e saber de fato qual é a opinião dos futuros clientes em potencial. Com as respostas consolidadas, a especialista quer montar um projeto para que futuramente linhas de financiamento possam também contemplar as casas dentro deste tipo.
"Hipoteticamente nós temos que muitas pessoas quando se lembram de construção de terra, remetem ao sertão, que é de pobre, representa má qualidade de vida, quando na verdade não é nada disso", explica Laura Rodrigues Guerra.
A arquiteta apresenta as vantagens em cima de um protótipo, projeto da UFMS, "Canteiro Experimental" é uma casa erguida a partir de terra, de 64m², sob a coordenação da professora Andrea Naguissa Yuba.
"Ela é de terra compactada, claro que associada à outros materiais, mas a quantidade de cimento usada é muito reduzida e o principal dela é a terra crua que a gente tem disponível aqui em Campo Grande mesmo e no Estado", explica.
De benefícios, Laura cita que a mão de obra não é tão difícil de ser encontrada, não precisa vir de fora e se houver um instrutor, pode envolver a própria comunidade. "Se usa formas de madeira ou alumínio e vai jogando terra em camadas e compactando. Ela fica uma parede monolítica de 20 a 25cm de espessura", descreve.
E o material, junto dessas medidas, que vai trabalhar o conforto ambiental e também acústico. "Ela é mais fresca, porque retrai. Não que ela não seja quente, mas a diferença para uma convencional é esta", completa.
A arquiteta explica que no Brasil ainda não há normas e nem uma padronização para a arquitetura. "Na Austrália ela é muito utilizada e pelas fotos, se vê que são perfeitas", compara.
O charme dela é se manter a cor de terra, mas nada impede que as paredes ganhem tintas ou revestimentos como qualquer estrutura convencional. A instalação elétrica não precisa ser por fora, pode ser embutida.
"Ela é uma casa como qualquer outra. No mercado hoje se vê taipa como interiores, decoração, mas ela é mais que isso", alerta Laura.
Se fosse imaginar o perfil de cliente, a arquiteta diz que não há um público específico e quanto ao preço médio, ela explica que é preciso colocar na ponta do lápis como e onde vai ser feita.
Na hora de erguer as paredes, o ponto de partida é a fundação. "Feito o ratier, essa parede é montada em cima de um barrado de alvenaria, para que não tenha contato direto e assim diminua a possibilidade de infiltração", pontua.
Em seguida, se coloca madeira de um lado e de outro, tampa dos lados e compacta a cada 15cm de terra. "Ela é sustentável por conta do baixo impacto e principalmente porque você consegue adquirir material na sua própria região, às vezes no terreno mesmo", acrescenta.
E para saber a opinião das pessoas, Laura está de plantão para mostrar o protótipo, explicar as vantagens e ouvir se as pessoas fariam ou não. Nos sábados 10 (14h às 17h), 17 (9h às 17h) e nos dias 29 e 30 (9h às 17h), ela estará na UFMS à espera de quem possa ir contribuir para sua pesquisa.
Pelo Facebook é possível acompanhar a pesquisa da arquiteta. O canteiro experimental fica quase em frente às piscinas da Universidade.
Curta o Lado B no Facebook.
Confira a galeria de imagens: