Em bairro chique, casinha de madeira abriga toda felicidade do dono em 25m²
Em 25m², seu Orlando tem tudo o que precisa. Nos fundos do Centro Cultural do Chamamé, no bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande, a pequena casa de madeira serve de moradia para ele e a felicidade. Erguida junto da mulher Cláudia, a inspiração do casal veio dos colonos do Sul do País, de onde vem o sotaque e a cultura de Cláudia.
"Ela é do Sul e lá se faz esse tipo de casa. Ela mesma quem pintou, pegou o carpinteiro aí e foram fazendo", resume seu Orlando Rodrigues, engenheiro civil, hoje aposentado, de 73 anos.
A casa foi feita aos poucos e levou menos de 1 ano para ficar pronta. Quer dizer, "pronta, pronta", o casal afirma que ainda não está. Faltam os detalhes na varanda, as cores na fachada. Mas a essência já está ali: casa de vô. O peculiar é que o casal se mantém cada um em sua casa. Cláudia mora a poucas quadras de Orlando.
O terreno foi comprado para fazer o Centro Cultural do Chamamé, que funcionou de 2006 até agora. Quatro anos atrás, quando seu Orlando se separou, foi morar ali e depois de conhecer a catarinense Cláudia, num baile do Centro de Convivência do Idoso, embarcou na ideia dela.
"Nós até fomos à procura de casas para alugar, só que é tudo muito caro. Ele tinha aquele terreno e eu disse: 'vamos fazer um casinha. Nós não precisa fazer mansão, não temos mais vida longa para esperar terminar'", brinca Cláudia Bordin, de 66 anos.
A casa é de madeira e revestida, por dentro, de PVC. "Para ficar higiênico, limpinho e bonita assim e por fora, ela vai ser pintada no estilo do Sul. O grande negócio desse local é a praça", explica Orlando. A vista do Centro Cultural dá para a praça do bairro.
Sobre a estrutura, o dono só tem elogios. "Ela é mais gostosa, mais confortável e o estilo é mais barato", diz. E isso explica muita coisa que vai além da questão da idade.
Aos 73 anos, seu Orlando gosta mesmo é de viajar. Só este ano já foi ao México, França, Espanha e Itália. Na programação, agora resta pagar as contas e se preparar para a próxima, que incluirá Lisboa. Ou seja, a felicidade da casa também se divide entre as malas.
Apesar do PVC por dentro, o aposentado garante que a residência não é quente e sim "deliciosa". "Acredito que não se faz mais casas assim no Mato Grosso porque a madeira que fica para nós não é de primeira linha. Esse pinus aqui, a durabilidade é de 10, 15 anos", argumenta.
No projeto, o casal colocou sala e cozinha juntas, um banheiro, o quarto e uma pequena varandinha. A diferença da casa para o terreno tem a altura suficiente para barrar poeira. "A poeira fica depositada aí embaixo, ela não sobe. Inclusive tem gente que fala que essa casa faz barulho quando se anda, mas o barulho que é gostoso", completa Orlando.
A casinha de madeira é o xodó dele e se a gente pergunta se a casa é a cara dele, ouve um sim mais que depressa. "É, porque a vida é assim, é você ser feliz. O colono já é feliz".