Há 37 anos, Gabriel vive em casa de madeira sem tirar um prego do lugar
Morador já teve vontade de reformar o imóvel, mas desistiu e preserva memórias valiosas deixadas pela família
José Gabriel Gomes, de 46 anos, praticamente nasceu na casa onde vive no Bairro Amambaí. O lar foi comprado pelo pai em 1985 e desde então nada mudou na estrutura de madeira, que tem cinco ambientes. O proprietário até sente vontade de fazer uma reforma, mas os planos de vender futuramente o imóvel o impedem.
Embora não saiba o preço que o lugar vale e não se importe tanto com isso, Gabriel vê a casa como valiosa devido às memórias que criou ali. “Tem um monte de lembranças porque eu morei com meu pai, mas foram dois anos só. Quando ele faleceu eu tinha seis anos e aí fiquei morando só com minha irmã”, comenta.
A irmã, segundo ele, era ‘bem mais velha’ e também já faleceu. Sozinho, ele seguiu residindo na casa que ocupa um espaço quase insignificante no amplo terreno que é cheio de árvores frutíferas.
Nos últimos três anos, Gabriel passou a ter companhia, pois um gato branco resolveu que iria viver com o homem. O animal de estimação, que não tem nome, é só um dos que passaram pela casa que antes era ocupada por cachorros.
Ao falar da casa, Gabriel dá detalhes da origem e história dela. “Sempre foi assim, essa casa era de outro cara. Ontem eu estava conversando com ele e ele falou que o avô dele de 85 anos morou aqui. Mas, assim, não era igual, acho que não tinha essa varanda”, diz.
Em seguida, o autônomo confessa que teve vontade de expandir e mudar a aparência da casa, porém deixou de lado a ideia. “Uma hora vou ter que arrumar essa casinha, mas a gente foi enrolando e nunca que mexe. Eu acho que daqui uns tempos vou vender isso aqui e não adianta mexer”, afirma.
Em que data pretende vender o imóvel é algo que Gabriel não sabe, porém quando isso ocorrer o sonho dele é ir para longe da cidade. “Quero ir para uma chácara, algum lugar, sei lá, uma cidadezinha menor. Não aguento o calor aqui. Vou ver quando vender, quanto vai sobrar”, explica.
A residência é simples e ainda tem as mesmas janelas e portas que não escondem as marcas deixadas pelo tempo. O pequeno corredor de piso queimado está ocupado por pedaços soltos de madeira e uma casa para cachorro.
Após mostrar a área externa, Gabriel apresenta os cômodos internos, mas pede para que não sejam fotografados devido à ‘bagunça’. Dentro tem uma variedade de objetos, como roupas, bicicletas, papéis e um quadro antigo com a foto do pai de Gabriel.
Já na varanda, ele colocou uma cadeira e um sofá preto para receber os amigos. As visitas, conforme ele, não ocupam tanto espaço como antigamente. “Antigamente quando minha irmã vivia aqui tinha gente pra caramba. Tinha vezes que lotava de gente aqui, a casa era mais bonita, a gente arrumava melhor”, conta.
A outra estrutura do quintal é uma oficina onde Gabriel guarda os equipamentos eletrônicos que conserta. É dessa forma que o morador trabalha e se mantém há anos. Depois de uns minutos, Gabriel retoma o assunto da reforma e define a casa como um bem sentimental.
“Se eu fosse mexer nela eu mudaria as paredes tudo, dar uma alinhada, porque tem lugar que tá afundando. Mas, assim, é uma história que a gente tem. Ela tem um valor sentimental”, conclui.
Confira a galeria de imagens:
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