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Arquitetura

Lembra do Rialto? Veja o que restou do cinema na Antônio Maria Coelho

Prédio em que o cinema funcionou foi comprado pela Seicho-No-Ie em 1981, tendo passado por várias reformas

Aletheya Alves | 14/01/2023 07:45
Cine Rialto funcionava no prédio em que hoje é o templo Seicho-No-Ie. (Foto: Reprodução/Anos Dourados-Campo Grande)
Cine Rialto funcionava no prédio em que hoje é o templo Seicho-No-Ie. (Foto: Reprodução/Anos Dourados-Campo Grande)

Na década de 1950, quando a Rua Antônio Maria Coelho ainda nem pensava em ter asfalto, um prédio entre a Avenida Calógeras e a Rua 14 de Julho já fazia a alegria de quem queria se divertir com o cinema. Conforme o tempo passou, o cinema foi fechado e, agora, no templo Seicho-No-Ie restam alguns detalhes e muitas memórias de quem viu a história do Cine Rialto acontecer.

Quem entra no espaço religioso pode não imaginar que o grande salão já abrigou poltronas e uma tela acima do palco. Transformado para receber as novas funções em 1981, o prédio manteve o desenho da fachada com algumas alterações e itens que vão desde as colunas de madeira e a sala de projeção.

Espaço fica localizado na Rua Antônio Maria Coelho. (Foto: Marcos Maluf)
Espaço fica localizado na Rua Antônio Maria Coelho. (Foto: Marcos Maluf)

Tesoureira da Seicho-No-Ie, Judith Francisco da Silva, de 71 anos, viu o processo de transição entre o cinema e o templo. “Eu vim aqui quando ainda era cinema, me lembro de ter assistido E o Vento Levou pela primeira vez”, conta.

Puxando nas recordações, ela detalha que tudo precisou ser reformado quando o cinema deixou de existir, mas os detalhes em madeira remetem à época do Rialto.”Outra coisa que existia e ainda existe hoje é o mezanino. Lá era de onde projetava o filme para a tela no palco”.

De acordo com a supervisora administrativa e doutrinária da Seicho-No-Ie, Vanete Almeida, o espaço citado por Judith possuía uma grande janela para fazer a projeção e foi fechada. “No espaço de cima, existia essa sala de projeção e outras duas também que deveriam ser usadas pelo administrativo, algo assim, imaginamos”.

Terreno precisou ser aterrado para se tornar espaço religioso. (Foto: Aletheya Alves)
Terreno precisou ser aterrado para se tornar espaço religioso. (Foto: Aletheya Alves)
Projetor ficava no mezanino para reprodução dos filmes. (Foto: Aletheya Alves)
Projetor ficava no mezanino para reprodução dos filmes. (Foto: Aletheya Alves)
Sala em que a exibição era preparada ganhou uma parede toda fechada. (Foto: Aletheya Alves)
Sala em que a exibição era preparada ganhou uma parede toda fechada. (Foto: Aletheya Alves)

Retornando ao térreo, duas grandes janelas foram inseridas pelo templo, mas conforme as lembranças de frequentadores, Vanete conta que ali dava acesso às bilheterias. “Outra coisa, o salão precisou ser aterrado porque o piso não era nivelado, era como de cinema mesmo”.

No grupo de Facebook “Anos Dourados-Campo Grande” também não faltam memórias e, usando um texto de Marinete Pinheiro publicado no “Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro”, os integrantes retomam várias vezes o assunto.

De acordo com Marinete, a primeira fase do Rialto durou até metade da década de 1950 e em 1958 recebeu uma reforma para se transformar em cinema de luxo. Com a nova cara, o espaço exigia até um código de vestimenta para os frequentadores.

No local das janelas, acesso era para bilheterias, conforme as memórias de quem frequentou. (Foto: Aletheya Alves)
No local das janelas, acesso era para bilheterias, conforme as memórias de quem frequentou. (Foto: Aletheya Alves)
Detalhes em madeira são mantidos desde a época do cinema. (Foto: Aletheya Alves)
Detalhes em madeira são mantidos desde a época do cinema. (Foto: Aletheya Alves)

Trabalhando no administrativo da Seicho-No-Ie, Adolfina Francisco da Silva, de 69 anos, narra que essa história é rotineiramente repetida por visitantes do templo. “Nós recebemos muita gente aqui e há poucas semanas veio uma mulher pedindo para ver. Ela contou que vinha ao cinema e que os homens precisavam entrar de terno, por exemplo”.

Sem ver problema em quem gosta de recordar, Vanete explica que a história do cinema integra a do templo, E que desde a década de 1980, as projeções deixaram de ser exibidas para a transformação da religião ou filosofia de vida começar.

E, para quem não conhece a Seicho-No-Ie, ela detalha que o movimento foi fundado no Japão por Masaharu Taniguchi. “É um ensinamento de amor, uma extensa porta de misericórdia aberta a qualquer pessoa que queira estudar as leis que regem as manifestações e a essência perfeita do homem como filho de Deus”, opina.

No Brasil, a sede central funciona em São Paulo e, a partir de lá, as atividades como a própria construção do templo são coordenadas.

Hoje, parte da equipe conta que tendo frequentado o Rialto ou não, as memórias seguem no templo. (Foto: Aletheya Alves)
Hoje, parte da equipe conta que tendo frequentado o Rialto ou não, as memórias seguem no templo. (Foto: Aletheya Alves)

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