Lembra do Rialto? Veja o que restou do cinema na Antônio Maria Coelho
Prédio em que o cinema funcionou foi comprado pela Seicho-No-Ie em 1981, tendo passado por várias reformas
Na década de 1950, quando a Rua Antônio Maria Coelho ainda nem pensava em ter asfalto, um prédio entre a Avenida Calógeras e a Rua 14 de Julho já fazia a alegria de quem queria se divertir com o cinema. Conforme o tempo passou, o cinema foi fechado e, agora, no templo Seicho-No-Ie restam alguns detalhes e muitas memórias de quem viu a história do Cine Rialto acontecer.
Quem entra no espaço religioso pode não imaginar que o grande salão já abrigou poltronas e uma tela acima do palco. Transformado para receber as novas funções em 1981, o prédio manteve o desenho da fachada com algumas alterações e itens que vão desde as colunas de madeira e a sala de projeção.
Tesoureira da Seicho-No-Ie, Judith Francisco da Silva, de 71 anos, viu o processo de transição entre o cinema e o templo. “Eu vim aqui quando ainda era cinema, me lembro de ter assistido E o Vento Levou pela primeira vez”, conta.
Puxando nas recordações, ela detalha que tudo precisou ser reformado quando o cinema deixou de existir, mas os detalhes em madeira remetem à época do Rialto.”Outra coisa que existia e ainda existe hoje é o mezanino. Lá era de onde projetava o filme para a tela no palco”.
De acordo com a supervisora administrativa e doutrinária da Seicho-No-Ie, Vanete Almeida, o espaço citado por Judith possuía uma grande janela para fazer a projeção e foi fechada. “No espaço de cima, existia essa sala de projeção e outras duas também que deveriam ser usadas pelo administrativo, algo assim, imaginamos”.
Retornando ao térreo, duas grandes janelas foram inseridas pelo templo, mas conforme as lembranças de frequentadores, Vanete conta que ali dava acesso às bilheterias. “Outra coisa, o salão precisou ser aterrado porque o piso não era nivelado, era como de cinema mesmo”.
No grupo de Facebook “Anos Dourados-Campo Grande” também não faltam memórias e, usando um texto de Marinete Pinheiro publicado no “Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro”, os integrantes retomam várias vezes o assunto.
De acordo com Marinete, a primeira fase do Rialto durou até metade da década de 1950 e em 1958 recebeu uma reforma para se transformar em cinema de luxo. Com a nova cara, o espaço exigia até um código de vestimenta para os frequentadores.
Trabalhando no administrativo da Seicho-No-Ie, Adolfina Francisco da Silva, de 69 anos, narra que essa história é rotineiramente repetida por visitantes do templo. “Nós recebemos muita gente aqui e há poucas semanas veio uma mulher pedindo para ver. Ela contou que vinha ao cinema e que os homens precisavam entrar de terno, por exemplo”.
Sem ver problema em quem gosta de recordar, Vanete explica que a história do cinema integra a do templo, E que desde a década de 1980, as projeções deixaram de ser exibidas para a transformação da religião ou filosofia de vida começar.
E, para quem não conhece a Seicho-No-Ie, ela detalha que o movimento foi fundado no Japão por Masaharu Taniguchi. “É um ensinamento de amor, uma extensa porta de misericórdia aberta a qualquer pessoa que queira estudar as leis que regem as manifestações e a essência perfeita do homem como filho de Deus”, opina.
No Brasil, a sede central funciona em São Paulo e, a partir de lá, as atividades como a própria construção do templo são coordenadas.
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