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Arquitetura

Muro de pedras para proteger contra tiros é fortaleza deixada por Rubens

Guilhermina conta que o marido construiu a casa na época em que o bairro era realmente violento

Aletheya Alves | 07/12/2022 06:42
Paraíso e casa protegida são parte das lembranças deixadas por Rubens. (Foto: Aletheya Alves)
Paraíso e casa protegida são parte das lembranças deixadas por Rubens. (Foto: Aletheya Alves)

No Aero Rancho, uma fortaleza construída para proteger a família de tiros integra as lembranças deixadas por Rubens. Todo feito de pedras, o muro foi construído pelo marido de Guilhermina Cândia Magalhães e, sentindo falta do companheiro ainda hoje, ela brinca que a casa foi feita com amor e cuidado de Rubens, por isso resistiu aos períodos mais violentos do bairro.

“Aqui era complicado”, relembra Guilhermina sobre o Aero Rancho 20 anos atrás. Vindos de Miranda para cuidar da saúde de uma das filhas, o casal se mudou para o bairro e logo percebeu que a segurança também era necessária.

Mesmo sem ser da área da construção civil, Rubens fazia de tudo, como conta a viúva. “Ele era pescador, construiu nossa casa em Miranda e construiu essa aqui. Não deixava de fazer nada”.

Guilhermina conta que árvore também foi deixada por Rubens e permanece forte até hoje. (Foto: Aletheya Alves)
Guilhermina conta que árvore também foi deixada por Rubens e permanece forte até hoje. (Foto: Aletheya Alves)

E, entre os elogios que guarda até hoje, Guilhermina conta que o cuidado com a família sempre foi algo presente. Por isso, a ideia das pedras surgiu e ela detalha que a proteção realmente já foi colocada em prática.

Gastas devido ao tempo e já com algumas partes caídas, é difícil localizar algum rastro de bala que tenha passado pelo muro. Mas a moradora garante que em um dos tiroteios antigos que aconteciam nas ruas, as pedras entraram em ação e protegeram a casa da família.

Além do muro reforçado, Rubens também deixou heranças na natureza. Na frente de casa, uma árvore Paraíso acompanhou a passagem dos anos e Guilhermina se orgulha de dizer que é mais uma lembrança que gosta de ter do marido.

“Ele trouxe lá da nossa casa em Miranda e plantou aí. Não tinha nenhuma árvore e o vento era muito forte aqui, então ele teve a ideia de plantar. Colocou essa e uma outra, mas só essa sobreviveu”, conta Guilhermina.

Anos após a partida do marido, Guilhermina conta que amor ainda continua presente. (Foto: Aletheya Alves)
Anos após a partida do marido, Guilhermina conta que amor ainda continua presente. (Foto: Aletheya Alves)

Mais de quatro anos se passaram desde o falecimento do marido e mesmo com a saudade diária, ela explica que decidiu continuar morando na casa construída no Aero Rancho. “Ele foi, mas eu fiquei. Tenho meus filhos, meus netos, minha família é grande. Até sinto saudade da minha casa em Miranda, mas gosto daqui também”.

Devido ao tempo, ela explica que o muro vai precisar de uma reforma e que mesmo sem precisar da proteção de 20 anos atrás, as pedras não vão sair de lá. “Meu filho quer arrumar e deixar tudo certo. Algumas até caíram, mas a gente vai ver se coloca de novo”, diz.

Sem abrir mão de cada detalhe cunhado por Rubens em sua vida, Guilhermina completa dizendo que amor igual ao que ela teve com o marido é cada vez mais difícil de encontrar.

Pedras continuam bem posicionadas e moradora conta que realmente já defenderam o lar. (Foto: Aletheya Alves)
Pedras continuam bem posicionadas e moradora conta que realmente já defenderam o lar. (Foto: Aletheya Alves)

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