Vida de comitiva inspirou terraço com bruaca e várias antiguidades
Etienne levou três anos reunindo objetos e madeiras para criar espaço temático
Na Rua 13 de Junho, a vida de comitiva tomou conta da decoração em um espaço gastronômico com itens que vão desde bruaca até baldes de leiteria. Apaixonado pela vida na fazenda e por histórias, o advogado Etienne Palhano Filho, de 65 anos, reuniu os objetos por três anos e conseguiu construir seu próprio museu aberto ao público.
“Têm coisas que eram da minha família e muitos itens que fui comprando para fazer a decoração aqui do Quebra Torto. Comprei uma luminária de mansão em São Paulo que foi desmanchada, dormente de trem para usar a madeira. Tudo para ter essa ideia de antigo e lembrar da fazenda”, conta.
Logo na entrada, os clientes são recepcionados por uma cerca, que era da fazenda do pai de Etienne, compondo a fachada. E, na entrada, um painel completo se relaciona tanto com a história do Estado em geral quanto com o cotidiano dos peões.
No painel inicial, Etienne decidiu organizar a maior parte de seus itens. “Se você ver bem, têm instrumentos que usavam antes com boi, tem laço, chicote, roupa, armas antigas, tudo que lembra esse sertanejo raíz”.
E, para quem não conhece sobre cada objeto, o proprietário atua como um guia. “Você conhece bruaca? São essas bolsas que são colocadas no cavalo para levar comida e os itens necessários para comer. Quem é responsável por essa parte vai duas horas na frente da comitiva, quando os peões chegam, já está tudo pronto”, exemplifica sobre o uso.
Além dos elementos específicos de uso dos peões, outros objetos também compõem o cenário. Uma placa da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil em ferro fica ao lado de um esfregão que nada se parece com os atuais.
“Você imagina como que era limpar usando esse esfregão todo em ferro. Aqui tem muita coisa, eu trouxe até lampião e pedi para o eletricista transformar para a gente conseguir ligar tudo”, detalha.
No terraço, a decoração segue a mesma lógica e lá é possível conferir tanto os bancos feitos com dormente de trem quanto uma casa de joão-de-barro abandonada. “Embaixo temos desse banco também e para trazer ele foi tão difícil que precisei colocar de guindaste. É extremamente pesado”.
No palco, Etienne inseriu outros objetos e um pedaço de madeira que se transformou em onça. “Eu encontrei essa madeira enterrada e pedi para retirarem. Ninguém entendeu, mas quando olhei bem vi que dava para fazer uma onça. Aí convidei o artista e ele fez”.
A princípio a ideia do advogado não era arrecadar tantos itens de decoração, mas sim construir um espaço que lembrasse do carinho pela área rural. “No início comprei só um fogão a lenha antigo porque nossa pretensão era fazer comida ali. Mas o projeto do Quebra Torto foi aumentando e se tornou o que é hoje”.
Contando sobre sua relação com a decoração, o proprietário narra que durante suas férias costumava ir para a região de Bandeirantes. “Quando era guri, eu viajava muito em comitiva. Era estudante e passava direto na fazenda. A gente levava garrote, que é um boi pequeno, e passava três dias e duas noites viajando”.
Sem nunca ter abandonado as memórias das viagens e experiências na fazenda, Etienne levou um pouco de tudo para a decoração. Inclusive, até o nome do local foi escolhido com carinho para combinar.
“Quebra torto é a primeira refeição que o peão faz e como aqui é um espaço gastronômico, decidimos colocar assim. Era para ser outro, relacionando direto com a comitiva, mas achamos que esse ficou melhor”, explica.
Por ter sido investida tanta atenção na criação do espaço, a cada olhar é possível encontrar uma nova história. Inclusive, é assim que o proprietário vai contando sobre os detalhes.
Em outro painel, já no interior do espaço, os itens são de leiteria e foram transformados em vasos de flores. Ao lado, até mesmo as pias e espelhos são especiais.
Outro destaque é que por todo o restaurante, madeiras que integravam postes de eletricidade foram usadas como paredes. Atrás da pia e armário azul os espelho, é possível notar o material.
“Antigamente, a fiação passava por esses buracos da madeira, era de poste mesmo. Fomos comprando vários, a madeira está bem espalhada.
Ainda com os espaços para locação, Etienne detalha que o Quebra Torto Terraço será ocupado por vários restaurantes. “O espaço está finalizado, mas ainda tenho alguns instrumentos e ferramentas da vida no campo para colocar também”, diz.
E, já em funcionamento com eventos e alimentação, o Quebra Torto Terraço fica localizado na Rua 13 de Junho, número 641, Centro.
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