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Arquitetura

Bem devagarzinho, com erros e acertos, Centro começa a mudar fachadas

Ângela Kempfer | 10/07/2012 14:26
Ótica já está diferente e próximo passo será arrumar segundo andar da lanchonete ao lado. (Fotos: Minamar Júnior)
Ótica já está diferente e próximo passo será arrumar segundo andar da lanchonete ao lado. (Fotos: Minamar Júnior)

Na rua 14 de Julho, hoje um dos lugares mais feios da cidade, algumas fachadas provam que a paisagem pode ficar muito bonita se o empresário estiver disposto a investir.

Na ótica Nakasse, ainda falta um mês para tudo ficar pronto, mas o que já foi feito transformou o prédio em um dos mais interessantes na principal rua do comércio.

Com investimento de cerca de R$ 6 mil, o proprietário Roberto Nakasse conseguiu recuperar as cores originais do sobrado de mais de 70 anos. Como aluga o piso superior inteiro, ainda falta parte da fachada que está sobre uma lanchonete.

Na fase já concluída, as janelas brancas chamam a atenção em meio a dezenas de lojas todas “descascadas”, ainda com as marcas de letreiros que foram retirados por determinação da Prefeitura de Campo Grande, para despoluição visual do Centro.

Nesse processo, apareceram em inúmeros prédios as tradicionais indicações do ano de construção, a maioria de 1930. Roberto não sabe exatamente há quanto tempo foi erguido o sobrado onde hoje funciona a ótica e a lanchonete. Era contra a proibição de letreiros nas fachadas, mas concorda que esteticamente tudo melhorou.

“Não gastei muito, mas se não tivesse a proibição eu não teria gasto nada. Pela aparência, realmente, gostei mais. Porém, na funcionalidade não, porque não tempos mais a proteção da chuva e do sol”, argumenta.

A mudança custou dinheiro, mas rendeu elogios pela primeira vez à fachada. “Tem clientes que entram elogiando”, confirma o empresário. "Dei sorte porque o prédio já é bonito, é patrimônio histórico", diz.

Ao longo da 14, alguns apenas passaram tinta sobre tijolos expostos ou paredes quebradas. Há também quem resolveu usar novos tijolinhos à vista. Mas muitos exageraram no tom.

Na esquina da Barão do Rio Branco, um estúdio fotográfico gastou com 12 galões de tinta e R$ 600,00 com pintor. A cor cobriu o aspecto de abandono, mas não agradou aos clientes mais sensíveis.

“Achei berrante esse amarelo ovo. Lá na outra loja deles está igual. Parece que querem chamar a atenção demais, porque não tem como usar aqueles luminosos enormes”, avalia a auxiliar de vendas Giuliana Arantes.

O mototaxista João Alfredo fala de outra preocupação. “Se você parar para ver, que ta pintando de uma cor sóbria, ta ficando bonito. O problema é que cada um pinta de uma cor e a coisa vai parecendo um tapete de retalhos”.

Vermelho chamativo, amarelo e tijolos começam a aparecer nas fachadas da 14.
Vermelho chamativo, amarelo e tijolos começam a aparecer nas fachadas da 14.
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