ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, DOMINGO  17    CAMPO GRANDE 25º

Artes

Amor em comum, César e Mellany viram "tela" para 10h de tatuagem

Eles adoram desenhar no corpo e já foram telas para tatuadores em eventos que ocorreram em Campo Grande

Alana Portela | 15/04/2020 07:46
Tatuagem feita no braço de César Padilha demorou quase dez horas para ficar pronta. (Foto: Arquivo pessoal)
Tatuagem feita no braço de César Padilha demorou quase dez horas para ficar pronta. (Foto: Arquivo pessoal)

César Padilha e Mellany Schimidt Roth têm uma paixão em comum, a tatuagem. Eles adoram desenhar no corpo e até já foram tela para tatuadores no Campo Grande Tattoo Fest, festival realizado na Capital. Os traços perfeitos já fizeram ele aguentar quase 10 horas de dor, sentado numa cadeira, até o profissional finalizar a arte.

“Sempre fui apaixonado por tatuagem. De início, imaginava fazer apenas coisas com significados pessoais, como coisas de família, paixões. Mas, com o passar do tempo, mudei essa opinião. Hoje, penso que minha pele é como uma tela, pois gosto de inúmeros desenhos e passo isso para a pele. Praticamente, não tenho tattoo com significados”, diz.

Ele tem 25 anos é autônomo e lembra da vez que o convidaram para ser tela. “Fiquei animado, pois se encaixa exatamente no que penso, tatuagem é uma arte. Como se tivesse pintado um quadro, porém na pele”.

Tatuagem de caveira na perna realizada quando César foi tela pela primeira vez. (Foto: Arquivo pessoal)
Tatuagem de caveira na perna realizada quando César foi tela pela primeira vez. (Foto: Arquivo pessoal)

A primeira experiência como tela, para que tatuadores expusessem seu trabalho em eventos e festivais, durou cerca de 7h30, e o desenho foi realizado na lateral da panturrilha. “No início, fiquei com um pouco de medo, de não aguentar tanto tempo tatuando, da minha pele não ser tão boa, ou a arte não se encaixar tão bem como deveria. Contudo, deu tudo certo”, lembra.

Enquanto tatuava, as pausas só aconteciam para que pudesse ir ao banheiro e tomar água. O resultado ficou bom e César aproveitou o embalo para ser tela pela segunda vez.

“A segunda fiz no braço, na parte superior. Essa foi um estilo de tatuagem mais demorada e ‘suga’ mais, tanto do tatuador quanto da tela. Foi mais dolorido, porém aguentei também. Foram quase 10 horas de tatuagem, parando apenas para almoçar, ir ao banheiro e beber água”.

Hoje, César já coleciona dez tatuagens pelo corpo e nunca se arrependeu de tê-las feito. “Costumo nem olhar minhas tatuagens para não enjoar. Minha tattoo preferida é a que fiz pela primeira vez, em 2014. Não é a mais bonita, mas a que tenho mais afeto”, conta.

A primeira imagem que fez no corpo é de uma caveira, que está em um de seus braços. Essa, ele relata que foi realizada “sem querer”, pois, era para ter sido feita em seu amigo. “Ele havia pago metade do valor, mas não foi. Então, fui no lugar dele e quitei o restante no dia. Era meio doido por tatuagem, porém não tinha noção do que fazer e nem da dor, no entanto, mesmo assim fiz”.

A primeria tatuagem feita por César, em 2014. (Foto: Arquivo pessoal)
A primeria tatuagem feita por César, em 2014. (Foto: Arquivo pessoal)

César ainda quer continuar desenhando na pele, até não ter mais espaço. “Tatuadores do Brasil inteiro vem para cá, alguns até de fora do país, só artistas feras. Geralmente, eles precisam de tela, pois o custo para trazer uma pessoa da cidade deles é grande, então compensa achar tela aqui”.

“Sou totalmente a favor disso, eles têm a ajuda do pessoal daqui, que se dispõe em ser tela e nós temos a ajuda deles, pois é um trabalho bem feito, por profissionais qualificados. Fora a amizade que se faz, conhece gente do Brasil todo, muito bacana”, afirma.

Ele comenta que na primeira vez que resolveu ser tela, teve de correr atrás dos tatuadores que mais se identificava para se disponibilizar. “Se via o estilo e gostava, mandava mensagem pelas redes socais. Sempre tem artista precisando, porém nem sempre o que ele quer combina com o que você gosta”.

Depois da primeira experiência, conseguir a segunda foi mais fácil. “A gente já vai conhecendo a galera e alguns vêm atrás de ti nos anos seguintes, pois sabem que aguentou a dor, tem uma pele boa e não vai abandoná-lo no meio do evento”.

Mellany Schimidt Roth também é apaixonada por tatuagem e tem várias pelo corpo (Foto: Arquivo pessoal))
Mellany Schimidt Roth também é apaixonada por tatuagem e tem várias pelo corpo (Foto: Arquivo pessoal))

A vendedora, Mellany também compartilha esse amor pelas tatuagens. Aos 28 anos, ela é mais conhecida por Mel, já perdeu as contas de quantas tattoos têm no corpo e conseguiu ser tela no evento, neste ano. Ficou quase dois meses correndo atrás de um profissional que se identificasse.

Foram mais de quatro horas até o desenho ficar pronto para concorrer e conquistar o segundo lugar na categoria Tribal/Maori. A tatuagem foi na perna e chama atenção pelos traços bem feitos. “Quem escolhe o desenho é o tatuador, até porque é ele quem vai concorrer. Claro, tem algumas alterações no meio do caminho e aí, quando isso acontece, é conversado e acordado entre o tatuador e a tela”, explica.

“Sempre gostei de tatuagens, esperei completar meus 18 anos para fazer a primeira e nunca mais consegui parar. Desde o primeiro Campo grande Tattoo Fest já tinha a curiosidade de saber qual era a sensação de estar ali, podendo ser tela de um artista e prestigiar o trabalho dele(a)”.

Ela comenta que quando se disponibiliza a ser tela, é preciso encontrar um tatuador que trabalhe com o estilo de tatuagem que mais se identifica. “Foi o que fiz. Inclusive, quando terminou fiquei super satisfeita com o resultado do trabalho de Almiro Sousa, que veio de Goiânia todo empolgado e disposto, e isso ajudou muito”, afirma.

Para Mel, a dor se transforma em um momento prazeroso. “Até porque, dependendo do lugar, não dói tanto assim. Mas, tem lugar que já é bem dolorido. A que tenho na costela foi a que mais doeu, e se eu pudesse mudaria o desenho”, diz.

Ela foi tela para o tatuador concorrer na categoria, Tribal/Maori. (Foto: Arquivo pessoal)
Ela foi tela para o tatuador concorrer na categoria, Tribal/Maori. (Foto: Arquivo pessoal)

A tattoo na costela ela fez sem pensar muito. “Fiz sete pássaros, depois mais dez, só que com outro tatuador. Aí, tatuei uma cerejeira para cobrir as aves, porém ainda assim tenho vontade de melhorá-la.  Contudo, estou sem muita coragem porque foi o local que mais doeu”, brinca.

Apesar de pensar na possibilidade da mudança, Mel não tem nenhum desenho em mente, mas gostaria de seguir a mesma categoria das que já tem no corpo, que é maori e pontilhismo. “Ou talvez, deixaria a costela livre para fechar as costas junto. Acho muito legal as tatuagens na categoria oriental, que tem toda uma história”. Ela quer continuar tatuando o corpo. “É uma satisfação incrível e a emoção então nem se fala”, conclui.

Curta o Lado B no Facebook e no Instagram. Tem uma pauta bacana para sugerir? Mande pelas redes sociais, e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563.

A cerejeira e os pássaros que tatuou no corpo. (Foto: Arquivo pessoal)
A cerejeira e os pássaros que tatuou no corpo. (Foto: Arquivo pessoal)


Nos siga no Google Notícias