Após oito anos em Paris, Edson Castro diz que precisava visitar o Pantanal
Há oito anos morando em Paris, Edson Castro tem como companhia os grandes mestres da arte no mundo. Em exposições ou em uma simples caminhada na rua é possível conhecer obras de pintores, escultores e arquitetos que construíram uma cidade encantadora. Longe de ser apenas uma mudança de vida, o novo lar trouxe mais confiança e maturidade para o artista.
“Quando você tem contato com esses grandes artistas, como no Museu do Louvre e também os grandes mestres da modernidade, isso abre bastante a percepção de qual seria o limite da arte, até onde é possível ir, ser feito. A gente se limita muito, acredita que tudo já foi feito, mas não é assim”, acredita Edson, hoje com 46 anos.
Corumbaense que ainda mantém o sotaque com orgulho, Edson ficou sete anos sem visitar o Brasil.
“Vim o ano passado e agora. Eu precisava disso, tem muito tempo que eu não visitava minha cidade, via meus amigos. E as referências precisam existir, as ligações com os lugares, as amizades, comer peixe na beira do rio”, brinca.
Antes de se mudar para a França, Edson percorreu várias cidades do País levando seus quadros. No exterior, passou por Itália, Espanha e Alemanha.
“Mas, o Pantanal sempre fica na cabeça. É algo natural, assim como o sotaque. Fui para o Rio de Janeiro, tem gente que acha o sotaque de lá bonito, mas prefiro falar titia do jeito corumbaense”, diz.
Em Campo Grande, Edson aproveitou para realizar uma exposição no espaço de apartamentos decorados da Plaenge.
“Trouxe 15 obras de Paris e fiz mais duas especialmente para a mostra. São obras recentes que como eu sempre digo não tem um estilo, é algo momentâneo, do que eu estou desenvolvendo ou sentindo”, frisa.
Edson rejeita o pré-construtivismo e busca uma linha abstrata no trabalho.
"Então, essas minhas obras entre a figuração e a abstração, o que eu tento é criar uma tensão entre as duas coisas. Eu tento uma ambiguidade, entre os traços, posturas, comportamentos e tudo isso. Não existe o que ver, elas existem por si só. Depois dependendo do estado de espírito de cada um acaba vendo alguma coisa, cérebro da gente para poder digerir algo novo busca referências, mas elas não são para ver nada, essas obras são o que elas são, traços, emoções", explica.
Mesmo assim, as leis do academicismo continuam presentes na obra. "São obras que tem tudo que o academicismo pede, luz, sombra, ritmo, volume, espaço positivo e negativo, mas ao mesmo tempo com a transgressão do academicismo", reflete.
A mostra de Edson Castro fica aberta de 2 a 17 de setembro, na avenida Mato Grosso, esquina com a Via Park. O horário de funcionamento é de segunda à sábado das 8h30 às 19 horas e domingo, das 9 horas às 18 horas.