Cerâmica salvou Sarah do burnout e deu vida a memórias emolduradas
Peças surgiram da necessidade da artista em criar algo próprio e “alimentar a alma” para continuar viver
As molduras de cerâmicas salvaram a artista Sarah Outeiro, de 31 anos. Após sofrer com Burnout no trabalho e ter quadros de ansiedade generalizada, TAG, a jovem precisou se reinventar. A saída foi contar histórias através das peças únicas criadas depois de unir dons e vontades.
RESUMO
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Após um burnout e ansiedade generalizada, a artista Sarah Outeiro, de 31 anos, encontrou na criação de molduras de cerâmica únicas uma forma de se reinventar e lidar com suas dificuldades. Formada em fotografia e com afinidade pelas artes manuais, ela uniu seus talentos para criar peças que carregam memórias e histórias pessoais, transformando-as em objetos de arte. Suas criações, inspiradas em movimentos artísticos e na natureza, refletem sua jornada de superação e a importância de valorizar as boas lembranças, encontrando equilíbrio entre os momentos desafiadores e gratificantes da vida.
“Pode parecer só uma moldura de foto, mas é muito mais do que isso. Tenho muito orgulho de serem meus e de terem saído da minha caixola. Depois de um longo processo com o psicólogo entendi que a criação alimenta minha alma e meu desejo de viver. Comecei a fazer as peças como um exercício de criar algo meu e de voltar da ansiedade generalizada”.
A síndrome ficou com Sarah por três meses e obrigou ela a se desligar da empresa que trabalhava. Formada em fotografia, ela sempre teve afinidade com artes manuais como pintura e música e usou isso para se reinventar.
“Sempre tive o sangue artístico, então consegui juntar essas coisas e criar uma coisa que acabou virando várias outras. Para voltar precisava me propor a fazer algo, me propus a fazer uma peça por dia e vídeo por dia, mesmo que sem vontade”.
Ela explica que a primeira faculdade feita foi arquitetura e que durante o processo descobriu na fotografia novos horizontes.
“Também me aprofundei na história da arte. Me sentia confusa porque não conseguia escolher uma coisa para fazer. Queria todas as coisas. Depois que vi um programa que falava sobre o porquê algumas pessoas não têm vocação específica, isso me mostrou que poderia unir várias habilitadas e fazer algo meu. As molduras surgiram de uma necessidade de criar algo meu, que resumisse minha identidade e o que eu faço nessa vida".
Como fotógrafa, Sarah se rotula uma apaixonada por polaroides. Apesar de amá-las, ela percebeu que os registros sempre ficavam guardados em gavetas ou espalhados pela casa. Foi aí que nasceu a ideia de unir todos os dons. Depois de muitas tentativas e erros, os primeiros modelos nasceram.
“Me senti muito orgulhosa e guardei durante um ano com medo de roubarem meu projeto, mas assim que me senti preparada resolvi entregar para o mundo. Me inspiro em movimentos históricos da arte e na natureza. Para algumas pessoas isso não vai ser muita coisa, mas faço pelo que significa pra mim. É minha história, meu toque, meus erros, cores e necessidade. Estou feliz em vender para quem também sente esse desejo de colocar as memórias em uma peça de arte”.
A loja online tem um ano e durante esse tempo Sarah já fez peças classificadas por ela como “incríveis”. Uma delas é xodó da artista, uma televisão feita de cerâmica fria e led. “Essa é a mais valiosa que já vendi. Fiz inicialmente como desafio pra mim. Mas o resultado foi melhor que o esperado. Além de moldura, também é luminária”.
Outra moldura que marcou foi um altar feito para uma cliente que perdeu a mãe e queria colocar um espaço na casa que lembrasse dela com a frase que ela sempre falava, "Maria passa na frente".
A artista completa que sempre é impactada pelos pedidos e que sente uma responsabilidade grande quando são relacionados a algum ente querido que se foi.
“Essas peças têm muito valor. As pessoas pedem coisas específicas, gostam de contar as histórias e eu faço a moldura. Eu penso a longo prazo porque como seres humanos o que temos de mais valioso são as memórias”.
Sobre o processo de ser salva pela arte, Sarah conta que às vezes o aprendizado vem de tempos difíceis e que mesmo diante dos obstáculos dessa época é preciso pensar nas partes bonitas também.
“Sem querer a gente acaba pensando muito nas dificuldades, porque a vida tem, mas a gente esquece de ressaltar as partes boas para ter um equilíbrio entre o bom e ruim. A minha arte tem bastante disso, ressaltar as partes boas. Temos que nos apegar a elas porque é a parte mais gratificante da experiência da vida”.
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