Com retalhos, Maria cria bonecos de Frida Kahlo e Manoel de Barros
Desde criança, Maria Marta cria os bonecos que apresentam texturas, cores e tamanhos diferentes
A relação de Maria Marta dos Santos e as bonecas começou na infância. Na casa da família, o retalho e as espigas de milho foram os primeiros materiais que formavam os brinquedos. Hoje, ela não brinca mais com os bonecos, mas os utiliza como material educacional e cultural.
A bibliotecária, de 49 anos, recorda as primeiras lembranças que tem com esse objeto que possui significado especial. “Vou fazer cinquenta anos e desde criança sempre tive foco para bonecos. Minha mãe era costureira e eu cresci no pé da máquina aproveitando os retalhos. Eu vestia as bonecas de milho”, conta.
Na adolescência, ela relata que não abandonou as bonecas, que passaram a ser inspiradas em personagens de livros infantis. “Eu entrei muito cedo para o magistério, com 14 e 15 anos, e sempre fez parte da minha vida. A leitura também e os bonecos são inspirados nos livros até hoje”, afirma.
O magistério foi o primeiro ambiente onde Maria usou os brinquedos para ensinar os pequenos de forma lúdica. Para ela, as crianças conseguem se conectar com a realidade social por meio de figuras, como Tesla, Cora Coralina, Frida Kahlo, Manoel de Barros e vários outros.
“Quando você tira eles dos livros, você tira eles do mundo da escrita. Quando você transforma em boneco isso ganha a atenção das pessoas”, explica ela sobre o método didático.
Em novembro, ela diz ter desenvolvido aulas temáticas em que mais uma vez os bonecos estiveram presentes. “Mês de novembro trabalhei com a consciência das etnias. Aí comecei pelo descobrimento do Brasil, como os negros chegaram ao Brasil, porquê vieram como escravos e vou chegando até os dias de hoje de como foi sendo construído o Brasil”, fala.
Recomeço com a arte - A história da artesã com as bonecas ganhou um novo capítulo em 2016. Na época, Maria desabafa que foi diagnosticada com burnout e recorreu à arte para melhorar.
“Eu tive um problema de saúde, depressão, ansiedade e pânico. Só pensava em trabalhar, estudar e não estava cuidando da minha saúde. Depois disso me voltei para as artes e comecei a criar esses bonecos que produzo hoje, que é uma espécie de stop motion. Eu trabalho com arame, tecido, biscuit, reciclagem e tecido”, comenta.
No ateliê em Campo Grande, ela cria bonecos que tem diferentes formas, texturas, cores e detalhes. Em feiras, como a da Bolívia e Bosque da Paz, Maria expõe as peças para o público. Elas também podem ser encontradas na Confraria Socioartista, na Rua Abias Batista Filho, 269, Portal Itayara.
Tudo que produz, segundo ela, é feito com o sentimento de quem foi salva pela arte. “Quando me voltei para essa parte do artesanato foi como se tivesse encontrado essa parte. Voltou a autoestima, o sentimento de pertença, fazer parte do grupo. A arte fez eu voltar de forma diferente, mais descontraída”, conclui.
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