Com teatro cheio, espetáculos de graça mostram o quanto tem plateia para a dança
A bilheteria fechou as portas 20 minutos antes da apresentação começar. Na noite de ontem, segundo dia da programação da Semana Pra Dança, não teve ingresso para quem quis. O Teatro Prosa do Sesc Horto lotou e mostrou que de plateia, Campo Grande dá show quando no palco estão companhias de dança.
Na 11ª edição da Semana, uma das atrações da noite era o espetáculo Fluzz, do Dançurbana e de público, um misto de artistas, gente dos bastidores, alunos de escolas estaduais e quem aprecia a programação cultural da cidade.
Por sorte, Elaine e a mãe, Maria Cândida, pegaram os dois últimos ingressos. Isso porque alguém desistiu e elas conseguiram. A antecedência de 20 minutos não lhes deu garantia de cadeiras. Mas até nisso a dupla comemorou.
"Ontem eu vim e não consegui entrar, porque já tinha esgotado os ingressos. Espetáculos assim são perfeitos, estava até demorando para acontecer", fala a fotógrafa Elaine Cândida da Costa, de 32 anos. O gosto de ver plateia lotada só traz a ela um alerta. "Eu não acho ruim de acabar entrada não, o bom é que tem que chegar cedo".
Por estar inserido na dramaturgia, o ator e iluminador, Expedito Di Montebranco, é figura presente nas apresentações e faz uma avaliação sobre o que em números, o público prova aos artistas. "É bom chegar ao teatro e saber que as pessoas voltando, mostra que elas têm necessidade de estar indo e nos eventos, como dança e shows fechados, nós temos essa dificuldade de formar plateia", discute.
Para quem se apresenta, a Semana é considerada vitrine do que está sendo produzido no Estado. Compositor e cantor, Beget de Lucena, compara a dança com a música. "Eu acho o movimento bem consolidado, talvez bem mais que a música. Vim ontem e achei incrível, quase não entrei porque lotou. A galera tem vindo em peso, é gente que está muito a fim", considera.
E se tem público assíduo, a pergunta que se faz é se as companhias já conseguem bancar um espetáculo, ou ainda vivem de editais nacionais. "Eu realmente não tenho ideia, porque a maioria das apresentações que venho são gratuitas ou de amigos. Estava bem cheio desde que eu cheguei, as pessoas gostam de participar, estão disputados os ingressos", descreve a arquiteta Darina Aragão, de 31 anos.
Diretor, coreógrafo e fundador da companhia, Marcos Mattos tem 18 anos de trabalhos dedicados à dança e se surpreende com a casa lotada. "Para mim isso é reflexo do quanto as pessoas estão precisando e se aproximando da cultura novamente. Isso é muito importante para a classe artística e para a sociedade", comenta.
O teatro lotou na segunda, como também esteve no domingo. "Além disso ser gratificante para o artista, é importante para todo mundo, para os parceiros", completa.
À frente da companhia desde sua fundação, em 2002, Marcos confirma que por enquanto, a dança vive sim só de editais e prêmios nacionais. "Boticário na Dança, Furnas Eletrobrás, Digix e estamos captando novos patrocinadores, além de termos aprovado um projeto no FIC. Não sei, mas se existe um lugar onde a dança se banca, nós ainda não estamos lá, dependemos de editais para subsidiar nossas ações", frisa.
A companhia nasceu com um cunho social e cultural de democratizar a dança e os espetáculos são, na maioria, gratuitos. Como política do grupo, a próxima apresentação será em temporadas e de graça.
"Hoje estive na direção, na vez passada, atuei. E tenho me surpreendido também com novos rostos. Eu vejo gente diferente, que talvez esteja vindo assistir pela primeira vez. Nós não estamos mais apresentando para nós mesmos e isso é um processo que tanto o artista passa, quanto a própria Fundação de Cultura com suas ações de divulgação", avalia Marcos.
A Semana Pra Dança segue com espetáculos de graça até o próximo sábado. Confira aqui a programação completa.
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