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Artes

Dança do empoderamento e sucesso com Madonna, aula ensina o Vogue

Lucas Arruda | 13/10/2017 07:44
Cerca de 60 pessoas fizeram a aula de Vogue promovida por Eduardo Kon no Big Field Crew que aconteceu nos últimos dois dias (Foto: Complô Artístico)
Cerca de 60 pessoas fizeram a aula de Vogue promovida por Eduardo Kon no Big Field Crew que aconteceu nos últimos dois dias (Foto: Complô Artístico)

Os punhos giram em seu próprio eixo com a mesma velocidade com que os quadris vão de um lado para outro, enquanto os braços traçam linhas. Esses movimentos rápidos, que remetem tanto à leveza de uma garça, quanto à rapidez de um ninja, chamaram a atenção da rainha do pop Madonna em meados dos anos 90, tanto que ela fez uma música e um videoclipe que leva o nome da dança Vogue.

“O vogue é uma dança de empoderamento dos gays negros e latinos e também das mulheres trans, ele chegou para dar lugar e voz a essas pessoas que eram e ainda são excluídas da sociedade. Nos encontramos muito neste lugar”, afirma o dançarino brasiliense Eduardo Kon Zaion, que esteve em Campo Grande nesta quarta (11) e quinta (12) para dar uma aula de dança vogue durante o Big Field Crew, evento que aconteceu na Unigran e realizar a festa Vogue Ball ontem no Drama Bar.

O dançarino Eduardo Kon foi quem ministrou a aula (Lucas Arruda)
O dançarino Eduardo Kon foi quem ministrou a aula (Lucas Arruda)

Após o boom do vogue no fim da década de 80 e início da década de 90 o estilo foi esquecido nos anos 2000 e desde o início dos anos 2010 têm voltado a ser reconhecido. Kon é um dos propagadores da dança pelo país nessa nova leva. Ele tem descendência latina, mas não se considera negro, por isso não quer ser um tipo de protagonista desta dança. “Sempre procuro dar espaço e voz para os negros que dançam, as mulheres trans, começou com eles, é uma luta deles, quero levar até eles de novo essa dança”, afirma.

Seu primeiro contato com o vogue foi em 2012, quando estava num grupo de dança. “Lá eu e meus amigos não tínhamos muito espaço, tanto artisticamente para fazer as performances vogue, quanto politicamente, a arte é uma manifestação política também. Então resolvemos sair para termos nossa voz ouvida e fizemos a House of Hands Up.

O dançarino veio a Campo Grande em janeiro deste ano para participar de um festival de dança e, em parceria com dançarinos daqui, criou a House of Hands Up MS, uma espécie de casa irmã da House of Hands Up. “Com as casas promovemos encontros, intercâmbio, tudo para difundir e divulgar o vogue pelo país. É nosso grito de empoderamento”, conta.

Na aula que kon deu havia cerca de 60 pessoas participando, como a professora Bruna Nogueira. “O Vogue é muito interessante porque ele é histórico e nasceu do movimento LGBT. Além disso, os movimentos são bem completos, tem sequência de braço, de perna e ainda tem a questão de sempre tentar fazer melhor, sempre dar o seu melhor a cada batalha”, frisa.

História

Se você está pensando que o nome da dança é inspirado pela revista Vogue, acertou. A dança é caracterizada por poses semelhantes a das modelos integradas com movimentos angulares e lineares de braços, pernas e troncol.

Este estilo de dança surgiu nos anos 1960 nas festas chamadas “Ballrooms”, bailes que aconteciam no bairro em que a maioria dos moradores eram afroamericanos no Harlem, em Nova Iorque. O Vogue é desenvolvido como uma forma de dança estabelecida que é praticada na cena gay em festas e clubes de grandes cidades.

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