Depois de 16 anos, Prefeitura suspende projeto que forma bailarinos
Depois de 16 anos em convênio com a Prefeitura de Campo Grande, o Projeto Dançar terá que cobrar taxa dos alunos se quiser continuar funcionando. A Fundac (Fundação Municipal de Cultura) não renovou o contrato e os alunos da rede pública, atendidos pelo projeto, ficaram sem aulas.
O convênio era renovado todo início de ano e repassava R$ 4 mil por mês para pagamento de professores, secretários e contador. Fora essa verba, a Prefeitura também pagava o aluguel do prédio onde acontecem as aulas, além das contas de água e luz.
Segundo o diretor Chico Neller, criador também do grupo Ginga, no início a proposta era ter 90 alunos, com 30% das vagas destinadas a estudantes da rede municipal, 40% da rede estadual e 30% de escolas particulares. Porém, hoje o projeto tem cerca de 500 alunos e é aberto aos estudantes acima de 6 anos.
Até este ano, o Dançar era gratuito e os pais só pagavam o uniforme para o espetáculo que acontecia todo final de ano. Quando os pais não tinham condições, Neller afirma que eram arrumados padrinhos para que todo mundo pudesse participar.
No ano passado, por exemplo, o 15º espetáculo homenageou “Villa Lobos”, com 250 bailarinos, entre crianças, jovens e adultos no palco do Glauce Rocha.
“A única informação que recebemos do secretário de Cultura é que não tem dinheiro para renovar o contrato”, conta Neller.
A solução encontrada por Neller foi de cobrar uma taxa de R$ 80 por aluno, que será usado para pagar o aluguel do espaço onde acontecem as aulas, que é de mais ou menos R$ 3,8 mil.
“É uma forma de a gente conseguir sobreviver, porque não temos como suspender um projeto desses, como sugeriu o secretário”, afirma Neller. O projeto terá continuidade em parceria com outros grupos de dança de Campo Grande.
O projeto ensina dança contemporânea, balé clássico e moderno, percepção corporal e já formou campeões. Em 2011, o 29º Festival de Dança de Joinville (SC) - o principal do País, teve como campeão um bailarino que começou no Dançar. Júlio Cesar Floriano, 23 anos, brilhou no solo masculino.
Segundo a co-diretora, Renata Leoni, todo ano o projeto passava por esse dilema. “A gente sempre tinha medo de não renovar, mas sempre foi renovado. É bem triste, mas a gente acaba se preparando pra uma hora isso acontecer”, lamenta.