Duo Chipa mergulha na beleza do cururu e siriri em novo álbum
Duo Chipa passou por uma experiência transformadora ao lado do mestre Sebastião, cururueiro de Ladário
O Duo Chipa, formado por Audria Lucas, Cleozinho e Rafael Omar, mergulhou nas tradições do cururu e do siriri — ritmos típicos do Pantanal e de Mato Grosso do Sul. O resultado dessa imersão está no novo álbum "Lugar Distante", um trabalho que mescla o tradicional e o contemporâneo, e que já está disponível nas plataformas de streaming desde a última sexta-feira (27). Mas depois de ouvir uma vez, vale ouvir duas, três, quantas vezes achar necessário. O som é muito maneiro!
Radicados em São Paulo, os integrantes do Duo Chipa passaram por uma experiência transformadora ao lado do mestre Sebastião, cururueiro de Ladário, no coração do Pantanal, a 425 quilômetros de Campo Grande. O encontro com o mestre não apenas impactou a música do grupo, mas também alterou sua visão sobre a preservação das tradições culturais. "Foi uma imersão transformadora, não só musical como política. Aprendemos sobre a importância da oralidade, da ancestralidade e da relação harmônica com a natureza", conta Cleo.
Cururu e siriri sob nova perspectiva
Embora Duo Chipa já tivesse flertado com elementos da música caipira em trabalhos anteriores, a presença do corumbaense Rafael Omar, que se juntou ao grupo em 2022, intensificou o interesse do trio pelos ritmos tradicionais da sua terra. Ele apresentou ao grupo o mestre Sebastião, que ensina e preserva os ritmos de cururu e siriri. Essa vivência resultou em uma reinterpretação audaciosa, onde o grupo conseguiu inserir elementos contemporâneos como samples e efeitos vocais, sem descaracterizar a essência dessas tradições.
"O cururu e o siriri são compostos de dois acordes. Buscamos não descaracterizá-los, apesar de fazer inserções de samples e alguns arranjos mais modernos. A estrutura original ainda está lá", explica Cleozinho. A experimentação do grupo incluiu a utilização da viola de cocho, um instrumento típico da região, em músicas que misturam rock, indie e até pop. "A tradição é viva e mutável. Tentamos criar em cima disso, levando a viola de cocho para outros caminhos musicais", completa os .
Com 12 faixas, sendo nove inéditas, "Lugar Distante" é o quinto trabalho do Duo Chipa e o primeiro a explorar profundamente o universo do cururu e do siriri. Uma das faixas, “Tramelado”, já lançada como single, é uma releitura enérgica de um cururu tradicional, com uma pegada punk rock que surpreendeu tanto fãs quanto críticos. Outras músicas, como “Saindo de Viagem” e “Onça Pintada”, também fazem referência à fauna e às histórias do Pantanal, como o som do Aracuã, pássaro típico da região, e a famosa onça Três Dedos, figura lendária do Pantanal.
Para o grupo, preservar o passado enquanto projeta o futuro é uma prioridade. "O conceito do sankofa nos guia. É sobre olhar para o futuro sem esquecer das nossas raízes. Mantemos o compromisso com o formato original do cururu e do siriri, mas tentamos inovar nas formas de contar essas histórias", reflete Audria.
Além do novo álbum, o Duo Chipa está prestes a lançar o documentário Entre Causos e Toadas, que traz uma série de registros da convivência do grupo com o mestre Sebastião. O filme será lançado na internet no dia 18 de outubro e promete ser uma contribuição importante para a preservação das tradições culturais pantaneiras. "O audiovisual pode desempenhar um papel fundamental na preservação e popularização de tradições como o cururu e o siriri", comenta Rafael. "Mas nada substitui a experiência de ir até Ladário e conhecer o mestre Sebastião pessoalmente."
Retorno às origens com shows em Mato Grosso do Sul
Para divulgar o novo álbum, o Duo Chipa tem shows marcados em Corumbá, no dia 4 de outubro, e em Campo Grande, no dia 12 de outubro. A expectativa para tocar em suas cidades de origem é alta. "Estamos muito animados. Queremos que as pessoas daqui se identifiquem com o nosso trabalho. O que mais buscamos é essa identidade sonora sul-mato-grossense", diz Cleozinho.
A banda espera que a recepção do público local seja positiva, mas está curiosa para ver como suas reinterpretações de ritmos tradicionais serão recebidas. "A diferença entre o público de São Paulo e o daqui será interessante de observar. Em breve, contaremos como foi", brinca Audria.
Shows de divulgação
- Corumbá: 4 de outubro
- Campo Grande: 12 de outubro
Lançamento do documentário Entre Causos e Toadas será no dia 18 de outubro.
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