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Artes

Em ano difícil, vivência de um mineiro em MS vira álbum musical

Guilé lança no apagar das luzes de 2020 seu primeiro álbum "Até que a Chuva Apague o Medo"

Thailla Torres | 18/12/2020 06:45
Guilé lança neste sábado o álbum "Até que a Chuva Apague o Medo" (Foto: Arquivo Pessoal)
Guilé lança neste sábado o álbum "Até que a Chuva Apague o Medo" (Foto: Arquivo Pessoal)

Artista, cantor e compositor mineiro que escreve páginas de sua história aqui em Campo Grande, Guilé lança no apagar das luzes de 2020, seu primeiro álbum. Neste trabalho chamado "Até que a Chuva Apague o Medo", ele apresenta ao público um trabalho desenvolvido ao longo desse difícil ano.

“O título é uma referência à época em que o disco está sendo lançado (dezembro é o mês das chuvas), e também traz a ideia da chuva como um elemento que purifica: é como se estivéssemos passando agora por uma tempestade, mas uma tempestade necessária para nos curarmos de alguns medos. Assim eu também vejo a pandemia e tudo o que ela nos trouxe".

Ano após ano, Guilé foi se mostrando para a cidade com apresentações que o consolidaram como um artista da ‘Nova MPB’, que busca, através das suas composições, levar reflexões em poesias aos ouvidos atentos. "Quando comecei a me apresentar, lá em 2017, em alguns saraus aqui da cidade, eu não imaginava que eu chegaria tão longe, no começo era apenas uma continuação do que eu já fazia, que era tocar em rodas de violão em celebrações menores, mas o tempo foi passando e eu fui me confundindo com o artista que eu havia criado, acho que é um caminho sem volta”, brinca.

A força motriz do álbum, segundo Guilé, é satisfazer o desejo interno de registrar as últimas composições e de continuar contribuindo para a cena musical da cidade. “Produzir um álbum tem um valor simbólico muito grande, justamente por exigir uma capacidade de materializar um projeto artístico tão grande que, nesse caso, envolve tantas pessoas. Acima de tudo, é um processo que vale muito o esforço, pois traz muito aprendizado. São os álbuns que têm o poder de ficarem gravados na eternidade”, destaca o músico.

O álbum é composto por canções feitas nos últimos dois anos que buscam contar a história desse tempo em que o músico viveu em Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)
O álbum é composto por canções feitas nos últimos dois anos que buscam contar a história desse tempo em que o músico viveu em Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)

No contexto da pandemia, o álbum também vem para registrar a vivência do artista em quarentena. Como em muitas ocasiões nesse momento em que vivemos, o “fazer” teve que ser adaptado, portanto, Guilé teve que realizar muitas videoconferências com seu produtor Júlio Queiroz, que durante o ano estava morando em Portugal. “Esse trabalho me trouxe uma grande lição de que é possível produzir muitas coisas (de qualidade) à distância, penso ser esse um dos efeitos positivos da pandemia”, diz.

O álbum é composto por canções feitas nos últimos dois anos que buscam contar a história desse tempo em que o músico viveu em Campo Grande. “Para isso, usei referências diretas da riqueza cultural desta terra, como a sonoridade da viola caipira em algumas canções, as menções ao Rio Paraguai e as queimadas no Pantanal e a homenagem aos povos indígenas com uso do maracá, um instrumento sagrado de reza indígena, na canção que abre o disco”, menciona.

As amizades construídas também foram celebradas: “É um disco genuinamente sul-mato-grossense, já que todas as pessoas envolvidas no processo de produção do álbum são daqui. Na produção musical, colaborou comigo Júlio Queiroz, grande parceiro que fiz aqui. Na captação do áudio, Anderson Rocha, da Toca do Jedi. Também contei com participações super especiais de pessoas queridas e amadas Beca Rodrigues, LLEZ, minha companheira Bia Godoy, Franke, DoValle e Raphael Vital”, cita.

Faixas como "Mundo Doente" e "Tuiuiu Capoeira" buscam suscitar um olhar mais crítico, enquanto que "Não Venha Me Endireitar" e "Vai Ficar Tudo Bem" nutrem uma atitude mais positiva e otimista.

No que se refere a gêneros musicais, o álbum bebe de fontes variadas: tem samba, rock, música regional sul-mato-grossense, folk e MPB. “A audição do álbum busca oferecer ao ouvinte um momento de beleza e contemplação exaltando a natureza e o amor como saídas únicas para as adversidades, mas sem se esquecer de gerar questionamentos e reflexões. O trabalho busca se colocar como uma obra crítica num tempo marcado pela crescente opressão às liberdades individuais, pelo ódio nos discursos de certas lideranças políticas, pela degradação das relações sociais e pela intolerância à diversidade”, finaliza.

O álbum estará disponível neste sábado (19) em todas as plataformas digitais. Confira Guilé no seu perfil de artista no Spotify.

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