Emoção toma conta em 1ª vez de crianças e adultos em teatro
Ação da Cufa com apoio da Fundação de Cultura levou público para assistir peça do Rio de Janeiro
“Nossa, parece igual a gente vê em filme”, foi uma das primeiras frases que tomaram conta do Teatro Glauce Rocha nesta sexta-feira (31). Pela primeira vez, crianças, adolescentes, adultos e idosos de favelas da cidade assistiram a uma peça e, é claro, a emoção tomou conta.
Com apoio da Fundação de Cultura, a Cufa (Central Única das Favelas) conseguiu levar famílias das comunidades Vitória e Nova Esperança para assistir um espetáculo do Boca de Cena. Olhos brilhando, sorrisos, curiosidade e abraços em atores compuseram o cenário da noite.
Tanto é que, ao fim, a alegria foi tão grande que as crianças foram convidadas a subir ao palco para integrar ainda mais o mundo mágico do teatro. Integrante da Cufa (Central Única das Favelas), Letícia Polidorio conta que a emoção se espalhou desde o trajeto até a finalização da peça. Desde crianças até adolescentes, adultos e idosos, não houve quem conseguisse tirar o sorriso do rosto.
“Hoje foi um dos dias mais felizes da minha vida. Poder tirar essas crianças das favelas e conseguir levar elas ao teatro com esse apoio da Fundação de Cultura, do Boca de Cena, para mim foi muito importante. Tive relato de um senhor que ele fala que tem 60 anos e foi a primeira vez no teatro. Isso não tem nada que pague”, explica Letícia.
Ela também destaca que a arte é uma necessidade humana, tendo função social e educativa. Por isso, mais do que ter esse direito, é necessário que o acesso também esteja presente.
Líder da comunidade Nova Esperança, localizada na região do Nhanhá, Iraci Costa, de 55 anos, brinca que ficou mais emocionada do que as crianças. “Isso aqui era o sonho do meu filho mais velho. Ele sonhava em ir ao teatro, em ser ator, mas infelizmente foi para outro caminho e não conseguiu realizar”.
Sem nem saber explicar os sentimentos, ela explica que estar presente no teatro significa muitas coisas ao mesmo tempo. E, entre os vários pontos, um deles é mostrar que apesar do preconceito, ela e sua comunidade continuam existindo.
“As pessoas ainda têm preconceito porque somos de uma comunidade pobre, que é favela mesmo. Então, quando a gente pode, a gente faz de tudo e vir aqui, ver isso acontecendo, parece um sonho”, diz Iraci.
Irmão de Iraci, Ari Nunes Rocha, de 65 anos, também nunca havia ido ao teatro. “A primeira que vim assistir uma peça, me emocionei porque teatro é cultura. Maravilhosa a peça, quero fazer questão de assistir mais vezes, é bom, bem trabalhado. Gostei bastante, foi incrível”.
No Glauce Rocha, o público assistiu à peça “O príncipe e a flor da cor do coração”, vindo do Rio de Janeiro. A história conta sobre Caniço, um menino de 12 anos que acabou de descobrir o amor. Rosa é uma menina romântica, que exige uma flor para ser conquistada e Poeira, o menino-príncipe, está noivo de uma andorinha amarela.
Na peça, o público vê a importância de sermos diferentes e traz temáticas envolvendo tolerância, amizade, saudade e a necessidade de amar.
E, hoje, a programação do Boca de Cena continua pela cidade. Às 10h haverá Tradicional Pocket Show no calçadão da Barão, às 16h há teatro em Anhanduí, 13h30min Palhaço Nito na Praça Ary Coelho, 18h Miragens do Asfalto na Esplanada Ferroviária e, às 20h, Variété ma Estação Teatro do Mundo.
Por fim, o Projeto Kzulo encerra a programação do Boca de Cena.
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