Encaixando poesia na batida, CJ leva MS para maior duelo de MCs do País
O evento que será realizado em Belo Horizonte é maior batalha de rimas improvisadas do País.
Belo Horizonte vai sediar, nos dias 3 e 4 de dezembro, a final do Duelo de MCs Nacional 2022. Ao todo, 32 participantes, selecionados em competições estaduais, disputam o título de campeão ou campeã da maior batalha de rimas improvisadas do País. CJ, de 22 anos, é quem vai representar Mato Grosso do Sul e está disposto a mostrar tudo o que a cena hip hop sul–mato-grossense é capaz.
CJ é o nome artístico de Alcides Prado Neto, natural de Ribeirão Preto (SP), poeta, compositor, artista de rua e homem orgulhoso de ser filho de dona Maria Abadia da Silva, sua mãe e maior incentivadora na carreira de MC.
Morando em Campo Grande, durante muito tempo CJ sentiu o rap estralando os ouvidos e o hip hop pulsando nas veias, mas diz que nunca se sentiu tão motivado e capaz de mudar tudo com as palavras como no fim de semana em que subiu no palco da concha acústica da Praça do Rádio e saiu campeão estadual, provando todo talento com palavras em improvisadas em cima da base instrumental.
Com ou sem microfone nas mãos, o que CJ leva ao público são mais do que palavras. Poesia se encaixa perfeitamente às improvisações que trazem uma boa dose de realidade sobre quem vive da música, do hip hop e vê a arte como ferramenta transformadora, principalmente, na periferia.
A relação com a música começou em 2016, junto com o atual parceiro no ramo artístico, Mano Silva. “Ele me estimulou a escrever poesia e, com a rap, criei meu primeiro grupo que chamava Caligrafia de Bueiro. Fizemos as primeiras músicas, trabalhamos a poesia e a pegada marginal. Mas o rap passou a fazer parte com totalidade em 2018 quando passei a me apresentar e me aproximar do movimento de rua, das batalhas e saraus”, conta CJ.
Desde criança, apesar de ser criado nas bases do rock, ele já tinha proximidade com o rap, um estilo forte na periferia de São Paulo, mas em 2018, quando passou a batalhar, ele resolveu se dedicar integralmente à carreira de MC.
Na pandemia, CJ concentrou esforços no freestyle e movimentos de rua que, na visão dele, hoje são essenciais para mostrar o valor da cultura hip hop. “Batalha de rua é uma das ferramentas de proximidade da cultura hip hop com a rua e com a cidade em si. A batalha que hoje está ficando famosa e que tem chegado à mídia até um tempo atrás era vista só como uma arte de rua, bem marginalizada. Mas a rima começou atingir o grande público como um movimento social, que traz pessoas, que salva vidas”, pontua CJ.
Hoje, as batalhas são um chamativo para o público ver o quão íntimo é o rap da poesia, o quanto há de sabedoria em quem se dedica às rimas e a maneira como MCs conseguem encaixar a poesia na batida, transformando cada improvisação em arte e reflexão sobre a vida.
Estreia em duelo nacional
Essa é a primeira vez que CJ vai pisar no duelo nacional como competidor. É o terceiro de Mato Grosso do Sul a participar. O evento é uma das competições mais antigas e prestigiadas na área do rap, por isso, o músico tem se preparado incansavelmente. “Das últimas vezes que um MC de MS pisou lá tivemos grandes resultados. Quero mostrar que MS tem muito rap e só falta visibilidade”, diz.
Para vencer o nacional, CJ está exigindo dele mesmo foco, treino e muita disposição. “Estou abdicando de alguns prazeres para me aprofundar em treinamento de flow, de poesia, para conseguir conhecimento, treinando aquisição, lendo, assistindo conteúdos que ampliem meu conhecimento e eu possa levar um repertório de alto nível. Vou para o nacional com essa vontade de trazer pra casa esse título, que terá peso e visibilidade para nossa cena”.
Além da troca de experiência com MCs de todos os estados brasileiros e campeões, quem vencer o nacional vai fechar contrato com a Som Livre, uma das maiores gravadoras do País.
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