Entre os muros de favela, Tiago sonha brilhar como ilustrador
Ele aprendeu a desenhar sozinho na adolecência e não desiste de ver suas cores conquistarem vidas por aí
Tímido e preferindo desenhos a palavras, Tiago Gomes, de 22 anos, conta sobre seu sonho mostrando um punhado de ilustrações que reuniu durante os últimos anos. Morador da favela Homex, é entre os muros da comunidade, especificamente em seu quarto, que o jovem imagina transformar sua criatividade em sustento.
Ao lado do bloco de papel, os materiais utilizados para as criações são alocados em um estojo improvisado numa caixa de furadeira cedida pelo pai. Tiago explica que, com os lápis apontados com estilete, consegue fazer de desenhos que usam técnicas sombreadas em preto e branco até as ilustrações coloridas.
Para o jovem, os materiais conquistados até hoje permitem que ele chegue das aulas escolares e se dedique a preencher as páginas em branco. Mesmo assim, a ideia é se tornar um profissional e investir na compra de itens mais avançados, que ainda não fazem parte de sua realidade.
Ainda sem saber como irá seguir com o sonho, Tiago detalha que começou a desenhar no início da adolescência enquanto assistia a alguns vídeos na internet. “Eu olhava a pessoa desenhando e tentava fazer o mesmo. Hoje, eu consigo ver uma foto ou algo assim e desenhar sozinho”, explica.
Ele conta que, mesmo parecendo um objetivo distante, consegue se imaginar trabalhando na área e, por isso, criou uma página no Instagram para ampliar a quantidade de pessoas que podem conhecer seu trabalho. Lá, no perfil @copy_artstyle, as ilustrações são repostadas e a esperança é que encomendas comecem a surgir.
Vendedor, José Gomes da Silva, de 50 anos, distribui orgulho do filho em cada palavra. Ele narra que Tiago é o único da família a realmente se dedicar às artes, fazendo com que todos se surpreendessem com o talento do jovem.
“Tenho um familiar que até já mexeu com isso, mas hoje, trabalha com placas. Como o Tiago não tem ninguém mesmo e ele vive com esses desenhos, se deixar, ele passa o dia fazendo isso”, diz.
Há pouco mais de 5 anos morando na Homex, José explica que o início da vida na comunidade foi difícil tanto para ele quanto para a esposa e os três filhos. “A gente vivia com medo, porque sempre alguns barracos eram derrubados, então, você nunca sabia se sua casa ia estar ali quando voltasse”.
Hoje, com a área mais estável, ele diz que a família se tornou mais tranquila para viver os sonhos.
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