Para fotografar, treinador de jiu-jitsu tira sensibilidade do armário
Além de belas imagens, professor lançou campanha para ajudar no resgate de animais atingidos pelas queimadas no Pantanal
Quem olha o professor de Educação Física fortão, que há anos luta e ensina jiu jitsu em Corumbá, e descobre que ele mantém uma paixão fora do tatame se surpreende. Corumbaense, Guilherme Provenzano Giovanni, de 48 anos, é treinador e também fotógrafo. Apesar de acreditar que faça parte da sua essência, precisou tirar a sensibilidade do armário para registrar os detalhes e as belezas do Pantanal que hoje emocionam.
Quando começou a carreira no jiu jitsu, ele nem imaginava se dedicar à fotografia. Anos mais tarde, na busca de registrar uma sequência de golpes na academia, precisou de uma câmera. “Fui até a Bolívia, comprei um equipamento que não era profissional, mas com alguns recursos melhores que outras câmeras e fui todo contente fotografar. Isso foi em 2010”.
Na teoria tudo estava perfeito até que Guilherme se decepcionou com o resultado da “sequência de golpes” que ele registrou. “As fotos saíram terríveis. Eu não tinha domínio algum sobre uma câmera fotográfica.”
Mas sem desânimo, o professor saiu pela cidade e começou a fazer fotos. “Até que em determinado momento fiz uma foto que parecia que não tinha sido eu. Nesse momento algo foi despertado em mim.”
Guilherme encontrou resistência de quem não entendia sua sensibilidade com o cenário que encontrava pela frente. “Pessoal perguntava por que um professor de jiu jitsu queria fotografar florzinha, borboleta, mas eu resolvi fotografar tudo o que eu queria”.
“Hoje a fotografia é uma coisa que eu amo fazer. Hoje tenho uma confiança de que a minha fotografia tem algum diferencial. Existe uma sensibilidade e eu fico feliz que seja assim. Eu acho que o jiu jitsu me fortaleceu para que eu colocasse a sensibilidade para fora”, explica.
E não tem tempo ruim para o professor que além de sair pelo Pantanal com o próprio carro, já enfrentou carona e a cara a cara com bichos só para ter um registro impecável. “Já cheguei muito perto de alguns animais. Sinto que existe uma vibração e eles sabem quando não há maldade”.
Durante os meses de queimadas no Pantanal, Guilherme também documentou no Instagram tudo o que acontecia na região. “Teve momentos que eu achei que estava seguro, mas eu vi que a velocidade do fogo era espantosa”.
Apesar das dificuldades, Guilherme diz que encontrou forças para continuar fotografando. “Eu sinto que tenho que retratar de alguma forma aquilo que eu vejo como belo. Tenho uma relação muito forte com o Pantanal”.
Além de fotografar, Guilherme lançou uma campanha para ajudar o bioma após os registros de destruição por conta das queimadas. “Ainda tem aparecido animais feridos, intoxicados, e é uma coisa que leva tempo para normalizar. Então precisamos fazer alguma coisa”.
Na campanha “Pantanal em foco”, os recursos arrecadados vão para a @amparasilvestre, para que a ong continue suas ações de resgate e tratamento dos animais. (A campanha encerra no final de novembro)
Para participar basta doar R$ 60,00 e receber uma das fotos de Guilherme em alta resolução.
“Falta muito a consciência ambiental e a valorização do que a gente tem aqui, sinto que há um relaxamento da população em geral. Por isso, o meu trabalho passa a ter um valor sentimental, um apelo emocional muito forte”, finaliza.
Veja mais sobre a campanha e o trabalho de Guilherme no Instagram @guilhermebjj.photos
Curta o Lado B no Facebook e Instagram. Tem uma pauta bacana para sugerir? Mande pelas redes sociais, e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563.